Manuscrito em Sangue
Segundo a ficha de internação, Ardois Bonnot era filho único de Louise Anne e Thyerre Bonnot. Seu pai, assim como o irmão dele Giancarlo Bonnot, era conhecidos ladrões de grandes valores. Suspeitos de assaltarem desde bancos do interior da França até mansões de luxo, assim como a do Dr. Noble e sua esposa.
Ardois havia sido internado a pouco mais de duas semanas após ser encontrado delirando e aos prantos no Porte de Maguelone em Montpellier, o relatório do policial que o encontrou dizia que Ardois praguejava a respeito das cores estarem erradas e que inclusive havia tentado o ferir atingindo seu olho com um instrumento pontiagudo, que não foi encontrado após a confusão.
Para os médicos, a principio ele sofria de distúrbios de personalidade e um quadro de psicose latente. O que particularmente tornava as coisas muito mais intrigantes é que, os diagnósticos do Dr. Noble, marido da vítima e médico que cuidava do caso dele, estavam em branco.
Da sala do diretor até o isolamento onde Ardois esteve internado foram cerca de 6 minutos de prantos e ranger de dentes, uma cacofonia constante tomava conta daquele lugar. Cada corredor e escadaria parecia emanar uma impressão de agonia, mas ao observar meus dois companheiros, Marchan e Ezekias, eu percebi ser o único incomodado com aquele ambiente. Nunca havia estado em um lugar tão perturbador em toda minha vida.
A enfermeira, acostumada com aquela loucura, seguia inabalável pelo corredor mal iluminado que terminava no quarto de Ardois Bonnot, ali o mistério começava a tomar forma.
A umidade reinava naquele pequeno curral humano, lodo escorria por cima da porta e o chão só não era mais sujo que a tampa da latrina. porém nada daquilo impressionava mais que as paredes ao nosso redor. Era como se estivéssemos contemplando uma exibição Tenebrosa de Doré em exposição nas catacumbas de paris.
Estranhos escritos na parede em frente a porta eram as boas vindas ao aposento. O que parecia ser uma frase de recepção deixada pelo, até então, lunático Ardois Bonnot não eram garranchos desestabilizados por dedos nervosos ou conduzidos por uma mente deteriorada. As escritas eram pincelada com precisão e equilíbrios inigualáveis, porém indecifrável para minha limitada capacidade de linguística e, estavam todas manuscritas em Sangue.
Ardois havia sido internado a pouco mais de duas semanas após ser encontrado delirando e aos prantos no Porte de Maguelone em Montpellier, o relatório do policial que o encontrou dizia que Ardois praguejava a respeito das cores estarem erradas e que inclusive havia tentado o ferir atingindo seu olho com um instrumento pontiagudo, que não foi encontrado após a confusão.
Para os médicos, a principio ele sofria de distúrbios de personalidade e um quadro de psicose latente. O que particularmente tornava as coisas muito mais intrigantes é que, os diagnósticos do Dr. Noble, marido da vítima e médico que cuidava do caso dele, estavam em branco.
Da sala do diretor até o isolamento onde Ardois esteve internado foram cerca de 6 minutos de prantos e ranger de dentes, uma cacofonia constante tomava conta daquele lugar. Cada corredor e escadaria parecia emanar uma impressão de agonia, mas ao observar meus dois companheiros, Marchan e Ezekias, eu percebi ser o único incomodado com aquele ambiente. Nunca havia estado em um lugar tão perturbador em toda minha vida.
A enfermeira, acostumada com aquela loucura, seguia inabalável pelo corredor mal iluminado que terminava no quarto de Ardois Bonnot, ali o mistério começava a tomar forma.
A umidade reinava naquele pequeno curral humano, lodo escorria por cima da porta e o chão só não era mais sujo que a tampa da latrina. porém nada daquilo impressionava mais que as paredes ao nosso redor. Era como se estivéssemos contemplando uma exibição Tenebrosa de Doré em exposição nas catacumbas de paris.
Estranhos escritos na parede em frente a porta eram as boas vindas ao aposento. O que parecia ser uma frase de recepção deixada pelo, até então, lunático Ardois Bonnot não eram garranchos desestabilizados por dedos nervosos ou conduzidos por uma mente deteriorada. As escritas eram pincelada com precisão e equilíbrios inigualáveis, porém indecifrável para minha limitada capacidade de linguística e, estavam todas manuscritas em Sangue.
- Também estou confuso meu amigo. - disse Marchan apontando em direção aos diferentes destaques das escrituras. - Mas posso perceber que existem diferentes tipos de linguagem aqui.
Ele tinha razão, apesar de tudo parecer em código, haviam muitos tipos de códigos. Letras, Números, símbolos conhecidos e inúmeros desenhos hieróglifos. E tudo aquilo ainda não era o prato principal.
O aposento possuía uma carga ainda mais pesada, estava muito abafado e, a iluminação precária parecia temerosa em expôr a claridade o restante do ambiente. Depois de compreender os detalhes do que teria acontecido ali, eu teria certeza de que na verdade era o ambiente em si que ofuscava a luz.
Em seu espaço limitado, Bonnot havia transformado sua pequena prisão em uma obra de arte, uma moldura de seus horrores que parecia viva aos olhos de seus espectadores.
Enquanto todos absorviam o impacto visual, Ezekias continuava sua explanação a respeito do que havia descoberto sobre A. Bonnot.
"Antes de se juntar a gangue Bonnot, Ardois havia tentado aderir a vida artística como pintor, mas ele nunca conseguiu ascender a fama. Nas palavras de alguns jornais locais seu trabalho em tela era descrito como medíocre e repugnante."
- Repugnante talvez, mas não vejo nada de medíocre nisso.
"Em suas únicas duas exibições ele vendeu apenas 3 de suas 17 obras. Teve uma carreira curta e depreciativa. Após isso ele se voltou para o ofício de tradutor e redator de textos em francês, inglês, aramaico e bávaro."
Junto a o relato Ezekias trazia consigo algumas fotografias com ilustrações das principais pinturas de A. Bonnot.
Não precisava de muita análise para perceber que aquela obra macabra nas paredes do sanatório Arles estava claramente muito acima de sua capacidade, na verdade eu não conseguia pensar em alguém com talento qualificado para algo como aquilo, nem mesmo doré.
A imagem a nossa frente estava em tamanho real e possuía detalhes emoldurados em alto relevo.
No centro da parede havia uma figura imponente de anatomia humana, porém com a sexualidade que eu não conseguia definir. O humanóide estava assentado sobre um trono dourado, era esguio e utilizava vestes desgastadas e uma máscara cromada que cobria quase todo o rosto.
Seus olhos pareciam nascer da máscara e seu olhar transmitia terror e agonia. Em qualquer lugar do aposento seus olhos pareciam me perseguir.
O trono possuía inscrições e, aos seus pés estrelas marinhas jaziam mortas, um detalhe que se percebia olhando mais de perto as pequenas manchas e cortes, alguns desmembrados e outros esmagados. Mais afastada podia-se perceber pequenas sombras que pareciam prostradas ao seu redor, talvez em adoração, dando a impressão de que toda morte ali foi em sacrifício a ele.
Ezekias novamente quebrou o desconfortável silêncio.
- Foi aqui que encontramos os instrumentos e matéria prima que ele utilizou para pintar a moldura na parede.
Num canto escuro abaixo da cama havia uma pequena passagem de ar, uma abertura na parede isolada por uma grade de ferro em 'X'. Do seu interior um odor pútrido sugeria a presença de roedores mortos.
Ezekias nos trouxe uma pequena caixa de porcelana e peças de bronze, nada muito intrigante, seu interior era isolado por uma abertura lateral que se arrastava para abrir.
A caixa é todo o seu conteúdo já haviam sido analisados por alguns estudiosos locais a pedido da delegacia do distrito de Arles.
Apesar da aparência de uma caixa comum, a definição de normal era outro no universo de apetrechos infames dentro da caixinha de porcelana.
O pequeno painel da caixa era separado em 4 partes diagonais e uma vertical, onde havia 10 espaços em circunferência.
Na primeira parte haviam pincéis confeccionados e revertidos rusticamente de couro e pelos de animal.
Na segunda parte dois instrumentos que bastante afiados que pareciam estiletes, os dois criados a partir de ossos.
Na terceira parte haviam pequenos objetos redondos de diferentes tamanhos entre si, alguns ressecados e outros viscosos. Pareciam olhos e talvez fossem.
Na quarta parte não havia além de uma chave de bronze já oxidada.
Na parte vertical, as circunferências estavam preenchidas de líquidos e pastas que pareciam representar uma paleta de cores.
Bile Negra, Bile amarela, Fleuma, Sangue e etc...
Segundo os especialistas todas as substâncias ali poderiam ser encontradas no corpo humano.
Após algum tempo ali, saímos com mais perguntas do que respostas.
Voltamos para Marsella analisando os relatórios enquanto Ezekias em silêncio nos conduzia de volta ao distrito de Saint Giniez.
Não era difícil saber o quão próximos estávamos, cada kilômetro mais perto do distrito, maior era o cheiro de maresia.
- Lamar as horas já são muito avançadas. Vou pedir que Ezekias me deixe em casa e depois quero que vá com ele até a Delegacia, faça o registro dos relatório dos especialistas do distrito de Arles e depois faça o mesmo que eu.
- Eu acho que vou analisar com mais cuidado antes de dormir.
- Não volte muito tarde para seu apartamento.
- Eu já sou bem crescidinho Inspetor. - respondi esperando um pouco de sarcasmo, mas Marchan não estava falando nesse sentido.
- A Noite é escura e cheia de horrores meu jovem.
As palavras dele me atingiram como uma flecha de gelo.
- O que isso significa Inspetor?
- Apenas algo que li em algum livro ou revista. Apenas faça o que eu disse Lamar, vá descansar.
Eu não obedeci, como de costume.
No dia seguinte ele me acordou no escritório com uma xícara de café. Passamos o resto da semana sem novidades, até que tivemos uma.
Um especialista em linguística havia decifrado partes das inscrições com o que ele definiu ser uma sentença.
"Eu cumpri minha pena e agora eu vou sair."
Na manhã seguinte recebemos um comunicado da polícia de Arles.
Bonnot foi visto invadindo o sanatório, oficiais foram chamados para conter a situação mas não o encontraram.
O quarto em que ele havia sido isolado porém, havia sido destruído, as pinturas na parede haviam desaparecido e a abertura abaixo da cama onde foi encontrado a caixinha de porcelana estava arrombada.
Não ouvimos falar mais de Ardois Bonnot por um bom tempo, até o dia em que ele apareceu no nosso escritório.
Confira a história toda na sessão Contos & Mythos
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