Super interessantes, que prendem você a cada pagina lida, historias surpreendentes que te enchem de medo e curiosidade. A maioria dos livros sobre zumbis são mais sobre os sobreviventes do que sobre os monstros em si, e aqui você vai encontrar de tudo, desde intrigas políticas até romances góticos inoportunos em meio ao fim do mundo (Os livros não estão em ordem de importância).
Frankenstein: Mary Shelley
Mary Shelley, desafiada a escrever um conto sombrio e fantasmagórico, deu vida a um cientista e sua criatura, sua obsessão, seus sentimentos e escolhas, ações tão complexas cujas conseqüências arrastariam com ele - num turbilhão de angústia, morte, consciência, vingança e dor - todos os ideais, a moral e os seres que mais amara.
Victor Frankenstein era jovem, acreditava na ciência e no progresso. Ah, a ciência, o moderno Prometheus do título buscando o fogo sagrado do conhecimento, desejoso de “roubar” o dom de criar a vida. Era curioso, ousado, não teve medo, não teve pudor e, obcecado por sua experiência, rompeu limites enquanto sonhava a imortalidade para o homem. Victor Frankenstein desejava vencer a morte.
“Eu seria o primeiro a romper os laços entre a vida e a morte, fazendo jorrar uma nova luz nas trevas do mundo (...). Ressurreição! Sim, isso seria nada menos que o poder de ressurreição.”
E ele o fez. Criou a vida a partir de matéria morta. Mas ao conseguir, se revelou fraco, amoral e medroso. Ao criar a vida e com ela, uma das criaturas mais comoventes e sombrias da literatura universal, simplesmente fugiu. A criatura, que posteriormente seria conhecida pelo nome do seu criador, não trouxe consigo a beleza, e justamente essa ausência do belo a tornaria horrenda aos olhos dos homens, uma presença do “feio” que despertava reações de agressão e perseguições. No entanto, era sensível, sofria, aprendeu sozinha as lições que o mundo lhe deu.
“Eis que, terminada minha escultura viva, esvaía-se a beleza que eu sonhara, e eu tinha diante dos olhos um ser que me enchia de terror e repulsa.”
O “monstro” gigantesco e horrendo, apresenta-se de forma complexa, alternando comportamentos de mais pura bondade e desejo de aceitação para, com a rejeição da sociedade, desenvolver um comportamento cruel e vingativo.
"(...) ferido pelas pedras e toda sorte de objetos, que me arremessavam, fugi para o campo aberto e, cheio de medo, busquei refúgio numa cabana acachapada."
Assim como Victor, que ora nos convence e até comove a ponto de ter a simpatia do leitor, por vezes nos enerva e causa revolta, a criatura nos assombra, nos enche de melancolia e espanto. Estes dois personagens não são planos, Mary Shelley os fez de forma que podem nos levar a sentimentos opostos em poucas linhas.
"Também eu posso criar desolação! O que me fizeram com a vida, pago com a morte. Meu inimigo não é invulnerável. Esta morte há de causar-lhe desespero, e mil outras desgraças o atormentarão até destruí-lo."
Criador e criatura, quem seria de fato o monstro? Não posso negar que me fiz essa pergunta algumas vezes durante a leitura.
Victor Frankenstein era jovem, acreditava na ciência e no progresso. Ah, a ciência, o moderno Prometheus do título buscando o fogo sagrado do conhecimento, desejoso de “roubar” o dom de criar a vida. Era curioso, ousado, não teve medo, não teve pudor e, obcecado por sua experiência, rompeu limites enquanto sonhava a imortalidade para o homem. Victor Frankenstein desejava vencer a morte.
“Eu seria o primeiro a romper os laços entre a vida e a morte, fazendo jorrar uma nova luz nas trevas do mundo (...). Ressurreição! Sim, isso seria nada menos que o poder de ressurreição.”
E ele o fez. Criou a vida a partir de matéria morta. Mas ao conseguir, se revelou fraco, amoral e medroso. Ao criar a vida e com ela, uma das criaturas mais comoventes e sombrias da literatura universal, simplesmente fugiu. A criatura, que posteriormente seria conhecida pelo nome do seu criador, não trouxe consigo a beleza, e justamente essa ausência do belo a tornaria horrenda aos olhos dos homens, uma presença do “feio” que despertava reações de agressão e perseguições. No entanto, era sensível, sofria, aprendeu sozinha as lições que o mundo lhe deu.
“Eis que, terminada minha escultura viva, esvaía-se a beleza que eu sonhara, e eu tinha diante dos olhos um ser que me enchia de terror e repulsa.”
O “monstro” gigantesco e horrendo, apresenta-se de forma complexa, alternando comportamentos de mais pura bondade e desejo de aceitação para, com a rejeição da sociedade, desenvolver um comportamento cruel e vingativo.
"(...) ferido pelas pedras e toda sorte de objetos, que me arremessavam, fugi para o campo aberto e, cheio de medo, busquei refúgio numa cabana acachapada."
Assim como Victor, que ora nos convence e até comove a ponto de ter a simpatia do leitor, por vezes nos enerva e causa revolta, a criatura nos assombra, nos enche de melancolia e espanto. Estes dois personagens não são planos, Mary Shelley os fez de forma que podem nos levar a sentimentos opostos em poucas linhas.
"Também eu posso criar desolação! O que me fizeram com a vida, pago com a morte. Meu inimigo não é invulnerável. Esta morte há de causar-lhe desespero, e mil outras desgraças o atormentarão até destruí-lo."
Criador e criatura, quem seria de fato o monstro? Não posso negar que me fiz essa pergunta algumas vezes durante a leitura.
Herbert West – Reanimator: H. P. Lovecraft
"Herbert West Re-Animator" escrita originalmente por H.P. Lovecraft foi publicada na forma de uma série de contos curtos em jornais e revistas mensais entre outubro de 1921 e junho de 1922.
Contada do ponto de vista de um narrador não identificado, a estória tem uma tétrica introdução:
"De Herbert West, que foi meu amigo na universidade e na vida posterior, só posso falar com extremo terror. Esse terror não se deve de modo algum à maneira sinistra pela qual ele desapareceu recentemente, sendo resultado da natureza geral do trabalho de sua vida, que na sua forma mais aguda, conheci pela primeira vez há mais de dezessete anos, quando cursávamos o terceiro ano da Escola de Medicina da Universidade Miskatonic, em Arkham".
A estória apresenta um estudante de medicina que se envolve com o notório, porém brilhante, Dr. Herbert West, o protagonista que dá nome ao conto. A fama de West decorre de suas experiências mórbidas com animais mortos e com o desenvolvimento de uma fórmula química por ele inventada, capaz de reanimar tecido morto e conferir às suas cobaias um aspecto de vida. Em sua arrogância, West acredita que seu experimento um dia será capaz de trazer humanos mortos de volta à vida, essencialmente tapeando a morte. É sobre as experiências de West e seu colega que trata o conto, concentrando-se na gradual loucura que se apossa de West. Em meio à sua obsessão, ele acaba recorrendo a artifícios imorais e antiéticos como roubar corpos do necrotério e injetar sua fórmula em pessoas inocentes. À medida que seus experimentos falham, West parece disposto a qualquer coisa para vencer a morte, inclusive se alistar no Corpo Médico durante a Grande Guerra a fim de ter à sua disposição um sortimento interminável de cadáveres frescos.
Eu sou a lenda: Richard Matheson
É 1976. Sete meses atrás uma pandemia transformou os seres humanos em predadores movidos pela sede de sangue. Até onde sabe, Robert Neville foi o único não afetado pela doença. Esta é a história de sua sina, e de como ele convive com ela.
Eu sou a lenda não é um livro tão influente à toa. Pra começar, as 16 páginas iniciais foi tudo que Richard Matheson precisou para nos mergulhar na rotina monótona e solitária de Robert Neville, e nos tornar tão prisioneiros quanto ele do inferno que o cerca quando a noite cai e “eles” voltam a amotinar sua casa. De cara dá pra notar o quanto a história influenciou desde os filmes de George Romero até as obras de Stephen King, que escreveu o prefácio da edição da Aleph.
Matheson traçou um cuidadoso retrato da dolorosa e claustrofóbica solidão de um homem que se vê como o único dotado de racionalidade e livre arbítrio em seu mundo. O realismo com que descreve o cotidiano solitário de Neville é o que faz do livro uma jornada literária inesquecível. Sua escrita possui uma sobriedade pungente e uma precisão exemplar, e jamais perde de vista o ser humano cuja história está narrando.
O Cemitério: Stephen King
"O Cemitério" (Pet Sematary no original) é conhecido por ser o livro que Stephen King supostamente "achava tão assustador que não devia ser publicado", e esse comentário se tornou a base para toda a campanha de marketing por traz do lançamento do livro. Isso e o fato do autor se negar a participar da campanha, dar entrevistas ou apoiar sua divulgação.
Em uma entrevista dada no ano seguinte ao lançamento de "O Cemitério", King disse, "Se eu pudesse escolher, provavelmente não teria publicado esse livro. Eu não gosto dele. É um livro terrível - não pela escrita, mas pelo conteúdo profundamente dark. Ele parece dizer que no final das contas não há esperança, que nada que se faça no final vale a pena, e eu realmente não acredito nisso".
O livro se inicia quando Louis Creed e sua família - a esposa Rachel, a filha Ellie, e o bebê Gage, se mudam de Chicago para uma casa em Ludlow, no Maine onde Louis assume o emprego como chefe de Enfermaria na universidade. A infame Rota 15 passa bem em frente de sua casa, o que deixa ele e sua esposa apavorados de ter que atravessar a rodovia e topar com um caminhão a alta velocidade. Do outro lado da estrada vive um simpático idoso chamado Jud Crandall e sua esposa, Norma. Os Creed rapidamente se acomodam em seu paraído suburbano, até que o gato de Ellie, Churchill, é atropelado por um automóvel na Rota 15. Sabendo que Ellie vai ficar devastada pela morte de seu bichinho de estimação, Jud leva Louis através da floresta "para lhe fazer um favor" .
As crianças das redondezas construíram um cemitério para animais que morrem na autoestrada, o "Semitério de Bichos", o lugar fica bem atrás da casa dos Creed, numa área selvagem de Ludlow. Acontece que mais atrás, oculto por uma barreira natural existe um cemitério indígena construído pela tribo Micmac há séculos. Louis enterra Churchill nesse lugar sinistro, e o gato acaba voltando à vida.
Mesmo que você, assim como eu, tenha visto o filme, não pense que ler o livro não terá graça por conta dos spoilers de conhecer a estória. Muito pelo contrário, ler "O Cemitério" é muito mais gratificante, talvez até por saber como as coisas vão terminar a sensação de temor acaba sendo amplificada. Logo após terminar o livro, decidi assistir "O Cemitério Maldito" no final de semana de Halloween, o filme continua legal, mas não chega aos pés do livro.
A maneira como "O Cemitério" faz com que encaremos a dura face da perda é por si só assustadora, mas não menos intrigante. Eu repito várias vezes que a obra de Stephen King tende a ser inconstante e que para cada 5 livros publicados, ele acerta em apenas um. Mas neste em particular, ele acerta em cheio, tecendo uma fábula de horror moderna simplesmente aterrorizante que vale a pena ser lida.
A Floresta de Mãos e Dentes : Carrie Ryan
A história é sobre Mary, uma jovem que vive numa aldeia temente à Deus e cega pela ignorância após a praga da infecção zumbi ter assolado o mundo. A aldeia é cercada por grades de metal que protegem seus habitantes dos Esconjurados – como a aldeia chama os zumbis – que vivem todos numa floresta densa e misteriosa que ninguém jamais ousou cruzar. Alguns contam histórias sobre o que há além daquelas árvores e, um desses “alguns” é a mãe de Mary, que passa todas as suas esperanças de um local intocado pela praga para sua filha. E, por isso, Mary é um jovem sonhadora, que vive contando histórias para todos sobre o oceano, que ela diz ser um lugar intocado por tudo aquilo que os apavora.
Essa sociedade pós-apocalíptica tem como “líderes” as Irmãs, que mexem com as cabeças de todos os aldeões, falando sobre Deus e como os que viviam antes do Retorno o irritaram. Elas comandam também os guardiões, uma espécie de guardas que vigiam as redondezas e cuidam para que nada saia do controle – além de garantir a ordem se algo sair dos trilhos. As pessoas não sonham, como Mary, e continuam a sobreviver, normalmente, como se nunca pudesse existir – ou ter existido – algo além daquilo que eles chamam de vida.
Celular : Stephen King
Em Celular, Clay Riddell é um desenhista de histórias em quadrinhos em ascensão. Em uma viagem à negócios, ele deixa sua ex-esposa e o filho pequeno noMaine, enquanto aguarda em Boston num dia de verão, até que o inferno instala-se no local. De repente, todos as pessoas que estavam usando o aparelho celular enlouquecem num ataque que poderia ser descrito como zumbi.
O cenário pode parecer completamente irreal, mas assim também acontece aos olhos do protagonista. Ao observá-lo em ação, sentimos como se aquele mundo apocalíptico fosse uma triste (e bizarra) realidade, nos deixando mais próximos e solidários aos dilemas de Riddell. Não demora para um tornar-se três, formando um trio improvável de aventureiros, completo com a presença de Tom McCourt e Alice Maxwell, uma adolescente de 15 anos. Ademais, cada personagem, por mais passageiro e secundário que seja, deixa sua marca de forma vital e necessária para a completa contextualização do que está ocorrendo, sem despropósitos ou cenas descartáveis.
Inseridos na jornada de Clay e seus amigos em direção ao Maine, o trio, e o leitor, depara-se com o que a humanidade pode fazer de pior, e descobrem até que ponto os seres humanos e o seu instinto de sobrevivência podem chegar quando ameaçados. Vemos uma realidade onde os inimigos não são apenas os mortos-vivos (conhecidos na história como fonáticos), algo que não estaria muito longe do que encontraríamos caso defrontados por um cenário apocalíptico.
Em meio ao desespero, King adentra questões sobre a natureza humano e sua inclinação para o bem e para o mal, além da importância de laços sólidos para nos manter firmes em situações limites. Claramente escrito por alguém com extremodomínio e habilidade, é certo que a narrativa hipnótica e marcante do mestre do terror consegue envolver até as mentes mais inquietas. Publicado em 2006 nos Estados Unidos, King declara, ao final do livro, não possuir um aparelho celular.
Sangue Quente : Isaac Marion
R é um zumbi meio diferente dos outros que se encontram naquele meio. Ele não se lembra de nada do que aconteceu com sua vida e de todos, só de acordar e encontrar-se morto. Não lembra de seu nome verdadeiro, os momentos importantes de sua vida, nele ainda possui algo diferente, algo que o faz recordar um pouco de sua consciência. Uma espécie de morto com sentimentos, até mesmo na hora de se alimentar. Sim! Falo de cérebro.
“Estou morto, mas isso não é tão ruim. Aprendi a conviver com isso. Desculpe não me apresentar da forma correta, mas não tenho mais um nome. Dificilmente algum de nós tem um. Nós os perdemos, como perdemos chaves de carros, os esquecemos como esquecemos de alguns aniversários. O meus talvez começasse com R, mas isso é tudo que sei.”
Até que ele e um grupo de zumbis saindo para alimentar, acaba sentindo cheiro de humanos e esbarrando com uma menina, ou melhor, Julie, que fará o coração do zumbi voltar a bater. O mesmo acontece com ela, meio com medo, acaba indo com R para seu esconderijo, para que ali possa ficar viva. Com os outros zumbis, sua falta de articulação, momentos em que ele rasteja, lamentando sempre quando precisa consumir carne humana para viver. É nesse meio termo que ele pode tentar se sentir meio vivo.
“(…)Seus lábios estão comprimidos e pálidos.Aponto para ela, para minha boca e depois para os meus dentes tortos e ensangüentados. Faço que não com a cabeça. Ela se encolhe para perto da janela. Um grito de terror começa a aparecer na garganta dela. Isso não está dando certo.– Segura – falo para ela, soltando um suspiro. – Manter… você segura.”
É nesse contexto que prosseguimos com a narração de R, Julie e ambos os pensamentos de tentar salvar esses zumbis de uma morte. Ambos não esperavamos que iriam se apaixonar, é rico a forma que o autor descreve seus personagens e como R narra todo o enredo. A visão dele é muito interessante uma vez que não estamos acostumandos com uma narração meio estranha. O desenvolvimento da narrativa se desenvolve depois que ele come o cérebro de Perry- namorado de Julie, revivendo momentos de sua vida humana.
Fiquei apegado em toda narrativa, os sentimentos de R com Julie, até mesmo nos momentos que ele começa a lembrar da vida humana e a força que ambos repassam um para o outro é tamanha. O final do enredo é para deixar qualquer leitor querendo mais aventura e em descobrir o que aconteceu com o futuro dos personagens.
Em meio ao caos, um mundo morto, dividido e sem saber realmente os motivos do vírus ter matado grande parte da população o enredo flui muito bem. A diagramação da editora LeYa, tradução e capa, refletiram o contexto verdadeiro do que iremos encontrar na leitura de Sangue Quente. Depois de assistir ao filme, percebi a fidelidade quanto ao livro.
Se você ainda não leu, corra para uma livraria mais próxima. Confesso que vocês não vão se arrepender, pelo contrário, irão aprender com R e Julie em um romance apocalíptico zumbi.
Guerra Mundial Z : Max Brooks
Se você assistiu ao filme baseado no livro Guerra Mundial Z, provavelmente saiu do cinema pensando: “Foi impagável ver milhões de zumbis devorando a humanidade. A história é bem fraquinha, mas a ação é sensacional.” Pois bem, quando você fechar o livro, depois de ler a última linha, vai dizer: “Foi impagável ler sobre milhões de zumbis levando a raça humana à extinção. A história, então, é uma das melhores já escritas”.
O autor Max Brooks (que também escreveu o indispensável Guia de Sobrevivência a Zumbis) entrega a você tudo o que uma pessoa pode querer de um apocalipse zumbi. Brooks acerta em cheio ao usar um tom de entrevista para narrar a quase extinção da raça humana. O livro apresenta a você o relato de vários personagens, entrevistados por um funcionário da ONU. Cada personagem – que são de todo o tipo possível: militares, civis, políticos, médicos – tem sua própria história de sobrevivência num mundo dominado por zumbis. Desde o Paciente Zero até a retomada do mundo pelo homem, Brooks envolve o leitor com uma história que parece realmente ter acontecido, tão rica em detalhes ela é.
É exatamente aí que Brooks faz da leitura de Guerra Mundial Z algo único. A quantidade de detalhes na história é surpreendente. O autor não deixa passar nada. Brooks não mostra a você apenas as batalhas (tão gigantescas que são dignas de uma Terceira Guerra Mundial) que o homem enfrenta ao lutar contra uma infestação zumbi em proporções mundiais. Vai muito além disso. O livro mostra impecavelmente o psicológico mundial diante da extinção: como o homem luta com unhas e dentes para sobreviver à extinção e como a humanidade tropeça em seu caminho para fora da lama, tentando se restabelecer como a espécie dominante do planeta.
Brooks pensou em tudo o que poderia acontecer durante um apocalipse zumbi. Desde como o exército responderia à ameaça de um interminável exército de mortos vivos, até como os cachorros (sim, ele pensou no papel dos cachorros) seriam essenciais para a raça humana. São mostradas com maestria as diversas formas que os governos dos países responderiam, quais seriam as táticas de batalha, como a sociedade se modificaria durante e após a Guerra. Embora seja difícil formar um elo emocional concreto com os diversos personagens – uma vez que você é apresentado a um personagem diferente a cada capítulo – isso acaba não afetando o incrível resultado final. O personagem principal de Guerra Mundial Z é a raça humana: e, levando por este aspecto, você se identifica com o ser humano a cada página.
Guerra Mundial Z é um dos livros mais geniais e intensos que você vai ler. A quantidade de detalhes é imensa e, no final, você acaba pensando que os relatos são reais, tão bem elaborados e escritos eles são. É uma obra rica, acompanhada de uma das leituras mais prazerosas e bem estruturada que você vai ter o prazer de ler.
Feed : Mira Grant
Mira Grant e o seu romance “Feed” foi um dos finalistas do Hugo Awards de 2011. Mira Grant é o pseudónimo para este romance de zombies de Seanan McGuire, uma autora de ficção fantástica urbana com várias novelas publicadas.
Que tipo de história se poderia esperar de uma mulher que vive numa casa com diversos gatos, filmes de terror, comics e livros sobre doenças terríveis, dirige cursos de virologia e dorme com uma machadinha debaixo da almofada? Um romance sobre Zombies, claro!
“Feed”, á parte um capítulo inicial sobre um ataque de Zombies e outras cenas semelhantes, não é propriamente um romance em que os zombies são personagens centrais. Eles são o pano de fundo em que o tema se desenvolve.
Numa daquelas situações em que a humanidade quer ser mais esperta do que qualquer Criador, um vírus é libertado que transforma em zombie qualquer mamífero acima de um determinado peso.
Um grupo de jovens bloggers é convidado para acompanhar um dos candidatos republicanos americanos nas primárias e depois na corrida presidencial.
O thriller que se desenvolve envolve os habituais complots pelos derrotados e grandes poderes, traições imprevisíveis, acção em grandes doses e mortes heróicas.
“Feed” lê-se com desenvoltura e agrado mas sempre com a sensação que muito mais poderia ter sido tentado.
Numa sociedade que tem de viver com gigantescas medidas securitárias como ficam os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. Quais são os grandes temas da sociedade pré-zombie que desapareceram e quais os que apareceram para os substituir? O gigantesco folclore das campanhas presidências americanas pode continuar a existir ou tem de dar lugar a outras formas de comunicação e angariação de fundos?
Alguns destes temas surgem ao longo desta acção política que vai atraindo o leitor. As personagens, talvez demasiado previsíveis, são todavia muito emocionais. A tão debatida questão de saber se a imprensa tradicional vai substituída pelos bloggers com a sua parafernália tecnológica é também um dos temas centrais do livro que curiosamente mostra a eterna procura dos índices de audiência e de vendas transportada agora para o mundo da internet.
São os homens os verdadeiros vilões da história e não os zombies. Estes são apenas as novas armas nas mãos dos que procuram a conquista do poder por qualquer meio.
Este é o primeiro volume desta trilogia de Mira Grant. Aguardemos para ler os restantes e ver se a autora consegue manter uma acção aditiva com personagens menos estereotipados e previsíveis e se surgem temas mais desenvolvidos neste nova sociedade de infectados pelo vírus.
Ex-Heróis : Peter Clines
Stealth. Gorgon. Regenerator. Cerberus. Zzzap. Mighty Dragon. Eles eram heróis usando suas habilidades sobre-humanas para fazer de Los Angeles uma cidade melhor e mais segura. Até que uma terrível praga mortal se espalhou pelo mundo. Bilhões morreram, e hordas de zumbis levaram toda a civilização à ruína. Um ano depois, Mighty Dragon e seus companheiros são os protetores dos sobreviventes, refugiados em um estúdio de cinema transformado em fortaleza, o Monte. Assustados e traumatizados, os heróis combatem os vorazes exércitos de ex-humanos nos portões, lideram equipes para procurar por suprimentos e lutam para serem verdadeiros símbolos de força e esperança. Porém, os famintos ex-humanos não são as únicas ameaças que os heróis devem enfrentar. Velhos aliados, com poderes e mentes horrivelmente destorcidas pela morte, ocultam-se nas ruínas da cidade. E apenas poucos quilômetros os separam de outro grupo, lentamente acumulando poder e liderado por um inimigo coma habilidade mais aterrorizante de todas.
O livro pode parecer confuso, e você pode se perguntar: "Mas espera aí! Zumbis x Heróis. De início a ideia pode gerar uma certa estranheza mesmo, afinal, pelo menos eu, nunca tinha visto nada parecido. Mas enfim, eu achei muito criativa esta ideia de unir estes dois mundos. Não ficou brega, não ficou esquisito, e não ficou chato, pelo contrário. Achei que o autor conseguiu muito bem mesclar os dois universos sem parecer muito forçado ou parecer que um mundo não estava à vontade com o outro.
Os zumbis não ficam para trás não. Claro, não há muito o que falar. Eles ficam por aí se rastejando, batendo os dentes e estendendo as mãos para qualquer pedaço fresco de carne que apareça em sua frente. Ah, em nenhum momento eles são chamados de zumbis no livro, e sim de ex's. Essa denominação surgiu desde o inicio do contágio e ficou. Isso porque eles são ex-humanos.
Quase ninguém usou a palavra "zumbi". Foram chamados de "ex" desde a primeira conferência de imprensa presidencial. Isso fez com que a situação se tornasse mais fácil de ser aceita, de alguma forma. Os ex-vivos. Ex-pessoas. A maioria ainda se parecia com humanos. Normalmente, os não lesionados e os mais novos que ainda não tinham se alimentado.Mas os heróis não tem que lidar apenas com a ameaça dos ex's e a incerteza da sobrevivência. Eles tem que lidar com os seres humanos também, o que pode ser bem pior. Há um grupo que se denomina Seveentens's e causam uma grande dor de cabeça. Eles guardam segredos, e serão uma surpresa para nossos heróis. Este livro tem muitas sutilezas também, e uma tristeza latente.
Gostei muito do livro, e fiquei surpreendido com a trama tão boa, em muitos pontos até mesmo inusitada. Gostei da narrativa forte e consistente de Clines; de seus personagens que, apesar de serem heróis, tem suas dificuldades e defeitos. Um ponto alto para mim foi o fato de que o autor não se contentou apenas no batidozumbis x ser humano, ou no caso zumbis x heróis, ele foi além. E fiquei de boca aberta com a causa e o início da propagação do vírus que fez todo o mundo desmoronar. Sinceramente, não esperava!
Há cartazes de advertência, pronunciamentos das autoridades públicas e reportagens. No entanto, as pessoas ainda se apegam à impossibilidade da existência de mortos-vivos, enquanto eles se avultam sobre suas cabeças, atacam suas casas e devoram seus vizinhos. Soldados, policiais e cidadãos se obrigando a acreditar que os ex's estão apenas infectados com alguma doença curável, apesar de todas as evidências, ao invés de tomar as medidas necessárias. Eles não vão aceitar a verdade. Eles não vão reagir a ela.
"O surto não será contido. É tarde demais.
O mundo, como nós o conhecemos, acabou."
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