terça-feira, 1 de setembro de 2015

Grandes Escritores e suas Grandes Obras (Parte 6) - Stieg Larsson & Millennium


Stieg Larsson
A Série Millennium é uma série composta de três volumes escritos pelo jornalista sueco Stieg Larsson, e um quarto volume pelo também sueco David Lagercrantz, lançado em Agosto de 2015 na Suécia e no resto do Mundo. Os livros são:


Män som hatar kvinnor, Flickan som lekte med elden, Luftslottet som sprängdes e Det som inte dödar oss. No Brasil e em Portugal, o primeiro volume foi lançado em 2008, o segundo e o terceiro em 2009, e o quarto em 2015.

O tema da violência sexual contra as mulheres nos seus livros deve-se ao fato de que Larsson, enojado, testemunhou o estupro coletivo de uma jovem quando ele tinha 15 anos. O autor nunca se perdoou por não ajudar a garota, cujo nome era Lisbeth - como a jovem heroína de seus livros, e resolveu dedicá-los a ela.

Em 2013, o escritor sueco David Lagercrantz foi convidado pela editora Norstedts a assumir a continuação da série, ignorando os manuscritos deixados pelo autor em posse de sua companheira - impossibilitada pela justiça a continuar a escrever a série, pois ela e Larsson não eram legalmente casados. O 4º volume da Trilogia Millennium foi publicado em 2015, com o título Det som inte dödar oss (literalmente: O que não nos mata), e traduzido para português como A Garota na Teia de Aranha.


2005 - "Os Homens que Não Amavam as Mulheres"


Os Homens que Não Amavam as Mulheres começa com uma narrativa típica dos livros com histórias que se cruzam: apresentando os personagens de forma isolada, e deixando que seus caminhos se construam e intercalem naturalmente. A estrutura vem sustentada em uma tríade: Mikael Blomkvist, Lisbeth Salander e Henrik Vanger. É esse o primeiro ponto interessante na trama. Ao invés de um personagem principal que conduz todos os demais e vê a história se desenrolando ao redor dele, o livro tem um fluxo cambiante. Ora Mikael é principal, ora Lisbeth, ora Vanger. É difícil determinar quem é mais relevante, Mikael ou Lisbeth – até porque, em determinado momento, a investigação em que estão inseridos faz com que eles se tornam quase uma única presença. (E, embora seja Vanger que traga os três nucleos para um caminho comum, ele não é nem de longe aquele que mais se destaca).

O Livro é praticamente um enigma a portas fechadas – passa-se na circunvizinhança de uma ilha. Em 1966, Harriet Vanger, jovem herdeira de um império industrial, some sem deixar vestígios. No dia de seu desaparecimento, fechara-se o acesso à ilha onde ela e diversos membros de sua extensa família se encontravam. Desde então, a cada ano, Henrik Vanger, o veelho patriarca do clã, recebe uma flor emoldurada – o mesmo presente que Harriet lhe dava, até desaparecer. Ou ser morta. Pois Henrik está convencido de que ela foi assassinada. E que um Vanger a matou.

Quase quarenta anos depois o industrial contrata o jornalista Mikael Blomkvist para conduzir uma investigação particular. Mikael, que acabara de ser condenado por difamação contra o financista Wennerström, preocupa-se com a crise de credibilidade que atinge sua revista, a Millennium. Henrik lhe oferece proteção para a Millennium e provas contra Wennerström, se o jornalista consentir em investigar o assassinato de Harriet. Mikael descobre que suas inquirições não são bem-vindas pela família Vanger. E que muitos querem vê-lo pelas costas. De preferência, morto. Com o auxílio de Lisbeth Salander, que conta com uma mente infatigável para a busca de dados – de preferência, os mais sórdidos -, ele logo percebe que a trilha de segredos e perversidades do clã industrial recua até muito antes do desaparecimento ou morte de Harriet. E segue até muito depois…. até um momento presente, desconfortavelmente presente


2006 - "A Menina que Brincava com Fogo"


Depois de ajudar Mikael e de ficar financeiramente confortável, Lisbeth Salander tira férias. Ela viaja pelo mundo e não tem pressa em voltar para Estocolmo. Depois de mais ou menos um ano e meio viajando, Lisbeth volta para sua cidade, não precisa trabalhar, então só faz uma visita para as pessoas que ela se interessa. Evita encontrar Mikael, ela ainda está muito triste com tudo que aconteceu entre os dois.

Mas Lisbeth não consegue ficar parada por muito tempo. Usando sua habilidade em computadores, descobre que a Millennium esta prestes a publicar um livro que causará outro escândalo. Entre os arquivos que baixou do computador de Mikael, um nome se destaca, um nome que a muito tempo, Lisbeth não ouvia... Então ela começa a fazer sua própria pesquisa. A Millennium vai publicar um livro de Dag Svensson que conta como o tráfico de mulheres cresceu na Suécia, e neste livro, Dag denuncia todos os envolvidos, e, alguns, são pessoas respeitadas no convívio social.

O Tutor de Lisbeth, Dag e sua parceira Mia, são encontrados mortos. Só há uma evidência: a arma do crime que está com as impressões digitais de Lisbeth. Começa então uma caçada desesperada em busca desta fugitiva que é muito esperta e escorregadia. Para a polícia, nada neste caso parecia normal, simples ou descomplicado. Afinal se tratava de Lisbeth Salander.

Desde o primeiro livro, Lisbeth é apresentada como uma moça que, aos olhos da sociedade, é louca, desequilibrada, antissocial, violenta... Uma pessoa perturbada o suficiente para não se enquadrar nas normas sociais, alguém que rejeita a sociedade. Mas, à medida que os segredos de Lisbeth são revelados em A menina que brincava com fogo, surgem alguns questionamentos: a garota rejeitou a sociedade ou a sociedade rejeitou a garota? A quem as normas sociais são favoráveis? Sempre é possível se enquadrar?

A leitura desse livro suscita algumas reflexões sobre o que a sociedade oferece e o que ela exige. Quando precisou da sociedade, Lisbeth não teve suas necessidades atendidas e decidiu não mais atender às necessidades dessa sociedade que a ignorou. No entanto, as imposições sociais têm muita força sobre o ser humano e a vida de Lisbeth é devastada. Todas as medidas de proteção que ela tomou ao longo de sua vida, que garantiram a sua proteção quando ninguém foi capaz de protegê-la, tornam-se provas de que Salander é uma ameaça para a sociedade. Chega a ser cruelmente irônico.

Não há como não recomendar a leitura desse livro: além de dominar magistralmente a linguagem do suspense, de nos envolver em um mistério que precisamos desvendar para ter paz, possibilita reflexões interessantes sobre ética, moral, poder da mídia, coerções sociais, entre outras questões. Um livro imperdível!

2007 - "A Rainha do Castelo de Ar"


Até então aquele que seria o Último volume da trilogia Millennium, A Rainha do Castelo de Ar reúne os melhores ingredientes da série: um enredo de tirar o fôlego, personagens que ficam gravados na imaginação do leitor e surpresas que se acumulam a cada página.

Mikael Blomkvist está furioso. Furioso com o serviço secreto russo, que, para proteger um assassino, internou Lisbeth Salander – na época com apenas doze anos – num hospital psiquiátrico e depois deu um jeito de declará-la incapaz. Furioso com a polícia que agora quer indiciar Lisbeth por uma série de crimes que ela não cometeu. Furioso com a imprensa, que se compraz em pintar a moça como uma psicopata e lésbica satânica. Furioso com a promotoria pública, que pretende pedir que ela seja internada de novo, desta vez – ao que parece – para sempre.

Enquanto Lisbeth recupera-se, num hospital, de ferimentos que quase lhe tiraram a vida, Mikael procura conduzir uma investigação paralela que prove a inocência de sua amiga. Mas a jovem não fica parada, e muito mais do que uma chance para defender-se, ela quer uma oportunidade para dar o troco. Com a ajuda de Mikael, Lisbeth está muito perto de desmantelar um plano sórdido que durante anos articulou nos subterrâneos do Estado sueco, um complô em cujo centro está o pai dela, um perigoso espião russo que ela já tentou matar. Duas vezes.


Ler A rainha do castelo de ar proporciona uma dose de alívio e uma dose de angústia. O alívio se deve ao fato de que, finalmente, é possível encontrar esclarecimentos para os mistérios que ficaram em aberto no segundo volume. Já a angústia se deve à sensação sufocante que acompanha a leitura: você se pergunta se(e, principalmente, como) Mikael Blomkvist e sua tropa de defensores de Lisbeth conseguirão o impossível: provar a inocência da hacker.

Como não poderia ser diferente, o livro é excelente! O enredo é tão eletrizante quanto os demais, embora haja diferenças significativas em relação aos outros dois volumes: para o leitor, muitos mistérios são resolvidos logo no início do livro; todavia, os personagens continuam sem esses esclarecimentos. Nós, leitores, ficamos presos à narrativa justamente pela curiosidade: como isso poderá vir à tona? Como poderão descobrir isso? Pior: como poderão provar isso?

Então, mais do que o simples suspense, a narrativa chama atenção pela astúcia. Para os personagens, mais importante que desvendar mistérios é saber escolher as estratégias que possam desmontar a argumentação do(s) rival(is). Embora não seja um romance de tribunal, o julgamento de Lisbeth é a melhor parte do livro: comprova que a genialidade da obra não reside na identificação do(s) criminoso(s), mas na complexidade da trama inteligente em torno dos crimes que envolvem Salander e na análise que faz da violência sofrida por mulheres, tema que norteia toda a série Millennium.



2015 - "A Garota na Teia de Aranha"


Lisbeth Salander e Mikael Blomkvist estão de volta na aguardada e eletrizante continuação da série Millennium. Neste thriller explosivo, a genial hacker Lisbeth Salander e o jornalista Mikael Blomkvist precisam juntar forças para enfrentar uma nova e terrível ameaça. É tarde da noite e Blomkvist recebe o telefonema de uma fonte confiável, dizendo que tem informações vitais aos Estados Unidos. A fonte está em contato com uma jovem e brilhante hacker – uma hacker parecida com alguém que Blomkvist conhece. As implicações são assombrosas. Blomkvist, que precisa desesperadamente de um furo para a revista Millennium, pede ajuda a Lisbeth. Ela, como sempre, tem objetivos próprios. Em A Garota na Teia de Aranha, a dupla que já arrebatou mais de 80 milhões de leitores em Os Homens que Não Amavam as Mulheres, A Menina que Brincava com Fogo eA Rainha do Castelo de Ar se encontra de novo neste thriller extraordinário e imensamente atual. 


David Lagercrantz nasceu na Suécia, em 1962. Jornalista, romancista e biógrafo premiado, Lagercrantz foi escolhido para continuar as aventuras de Lisbeth Salander e Mikael Blomkvist. Lagercrantz é o responsável pelo best seller I am Zlatan Ibrahimovic, que conta a história do jogador de futebol Ibrahimovic, ídolo de seu país, curiosamente a Suécia.

David Lagercrantz
O novo autor fez questão de criar uma história inédita com base no universo dos personagens criados por Larsson. Ele escreveu sua trama num computador sem acesso a Internet para garantir a segurança e entregou as páginas impressas pessoalmente na editora. Eva Gedin, editora da Norstedts, revelou que nada do quarto romance quase concluído por Larsson foi aproveitado no novo trabalho. Faltavam cerca de 100 páginas para Larsson concluir o quarto livro, quando ele morreu subitamente em 2004, antes dele e de sua trilogia alcançar a fama. O autor original, antes de morrer, tinha idéias e rascunhos para mais dez livros. O novo livro tem o título original sueco Det Som Inte Dödar Oss (ou Aquilo Que Não Te Mata) e, segundo a editora britânica MacLehose, já vem sendo traduzido para 38 idiomas.


Stieg Larsson



Karl Stig-Erland Larsson (Skelleftehamn, 15 de agosto de 1954 —Estocolmo, 9 de novembro de 2004), mais conhecido como Stieg Larsson, foi um jornalista e escritor sueco. Destacou-se no cenário internacional pela trilogia Millennium, lançada postumamente. A Trilogia foi um sucesso de crítica e de público em todos os países em que foi lançada. Em seu país, Suécia, uma em cada quatro pessoas leu pelo menos um exemplar da série.

Larsson viveu boa parte de sua vida na cidade de Estocolmo, tendo trabalhado no campo do jornalismo e sido pesquisador independente do extremismo político em seu país.

Stieg Larsson foi um dos mais influentes jornalistas e ativistas políticos suecos. Trabalhou na destacada agência de notícias TT. À frente da revista Expo, fundada por ele, denunciou organizações neofascistas e racistas. É co-autor de Extremhögern, livro sobre a extrema direita em seu país.

Por causa de sua atuação na luta pelos direitos humanos, recebeu várias ameaças de morte. Faleceu em 9 de novembro de 2004, aos 50 anos, vítima de um ataque cardíaco. Segundo apurado, o infarto se deu após Larsson subir sete lances de escada até seu escritório na sede da revista Expo, já que o elevador havia quebrado. Houve rumores de que sua morte foi induzida (tendo em vista as várias ameaças de extremistas contra a revista e o próprio Larsson), porém tal hipótese logo foi descartada.









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