Pois bem agora chegou a vez de falar sobre os livros de Horror & Mistério, alguns deles a maioria já conhece por terem sido adaptados ao cinema, outros simplesmente por terem autores super-famosos.
Como estas listas nunca são unânimes, gostaria também de saber a opinião de vocês sobre a mesma e, caso considerem que falta algum título, por favor comentem e partilhem com os restantes leitores.
A próxima lista será dos livros de Romance & Drama.
H.P. Lovecraft - At The Mountais Of Madness (Nas Montanhas da Loucura)
Nas Montanhas Da Loucura (1936) é escrita em primeira pessoa, como de hábito do autor, na voz de um sobrevivente de uma expedição científica à Antártida, sendo testemunha de eventos terríveis, executados pelas habituais Coisas Que o Homem Não Deve Saber – só que aqui, tudo hiperdimensiona, fazendo desta uma das histórias capitais de Lovecraft.
Somos levados à uma cidade perdida, atrás de cordilheiras intransponíveis no gelo antártico, maiores que o Himalaia e o Monte Everest, cidade esta de dezenas de milhões de anos, criada por seres alienígenas tanto em origem quanto em composição, assim como a saber de sua História e seu terrível destino. O problema é afogar-se em tantas descrições: há o exótico, há o alienígena, há o assombro e há o terror, e inúmeros adjetivos ao longo do caminho, repetições de ênfases, etc. A história trata de uma expedição científica patrocinada pela Universidade do Miskatonic é enviada para a Antartida com o objetivo de coletar espécimes de rocha e solo (além de vegetais e mesmo fósseis animais). A Antartida, praticamente a última fronteira na Terra a ser explorada, oferecia-se como um atrativo científico a diversos especialistas, entretanto, com o desenrolar das descobertas – e digo em relação a descoberta da existência de cidades arcaricas, anteriores a humanidade, no continente gelado – vemos que o autor – por sua experiência pessoal na leitura de obras como o Necromicon – inflige ao olhar científico a insegurança da qual não está habituado. Talvez o momento de ápice deste encontro entre o modo científico e o completamente desconhecido seja a descoberta de ruínas e de espécimes não reconhecidos e completamente desconhecidos com uma fisiologia que beirava o inusitado, entre o vegetal e o animal (o que me lembrou os fungos) e com um aspecto que inspirava medo, especialmente aos cães. Os momentos de descrição da autópsia (dentre outros, como a leitura da história da espécie descoberta num mural na cidade abandonada devido ao resfriamento da Antartida) empolgam, quase como se estivessemos ali, ao lado, visualizando tudo aquilo.
O livro me lembra muito o filme PROMETHEUS Dirigido p/ Ridley Scott.
Richard Matheson - I Am Legend (A Última Esperança Sobre a Terra/ Eu Sou A Lenda)
Richard Matheson é, em minha opinião, um dos maiores escritores de literatura fantástica, do mesmo nível de mestres como Dean Koontz, Stephen King e H. P. Lovecraft. No entanto, diferente destes, Matheson é muito pouco conhecido no Brasil devido aos poucos livros lançados no país. Publicados aqui, apenas Em Algum Lugar do Passado, Amor Além da Vida, Hell House – A Casa Infernal, O Incrível Homem que Encolheu e A Última Esperança Sobre a Terra. Curiosamente, todos adaptados ao cinema. Sobre isso, este último que cito tem, na verdade, umas das produções mais infieis e com textos alterados que já vi em adaptações. Sim, caro leitor, trata-se de Eu Sou a Lenda, protagonizado por Will Smith há alguns anos e que não reflete 5% do que realmente é esta magnífica obra. É importante destacar que apenas a ideia principal de uma cidade “morta” foi aproveitada. Todo o resto – trama, alguns personagens e inclusive o final – foram alterados de forma grotesca. Com o leitor já ciente de tudo isso, posso falar com calma deste livro, que no Brasil se chama originalmente A Última Esperança Sobre a Terra, embora tenha sido lançado recentemente uma edição sob o nome Eu Sou a Lenda, que inclui também alguns contos do autor.
A Última Esperança Sobre a Terra conta a saga de Robert Neville, único sobrevivente de uma epidemia que se abateu sobre o mundo e que transformou todos em uma espécie de zumbis/vampiros, que se alimentam de sangue. Durante à noite, as criaturas saem à caça de alimento e, consequentemente, de Neville – que está protegido por uma casa reforçada com tábuas de madeira firme, espelhos e alhos, o que mantém as criaturas à distância. De dia, elas hibernam, momento em que o protagonista pode sair em busca de comida, além de aproveitar para caçar as criaturas não apenas para matar, mas para efetuar experimentos.
Esse é apenas o ponto de partida para uma estória insana, claustrofóbica, cruel e, acima de tudo, bela em sua essência. Você acompanha de perto a vida de Robert Neville e seus sonhos de encontrar a cura para uma doença hedionda e o desejo de achar alguém como ele em um mundo devastado. A solidão, o tédio e a rotina são tão cruéis, para Neville, como a própria doença que se abateu sobre o mundo. Não tem como não ficar comovido pelas situações por quais passa Neville, sentindo todo o drama e, acima de tudo, todo o terror de se viver em meio a uma cidade morta.
A leitura é ágil e muito gostosa. Provavelmente o leitor terminará o livro em poucos dias já que, infelizmente, é bem curto. De qualquer forma, vale cada página lida. Já começa em um ritmo rápido e até mesmo para um livro que parece seguir em uma linha óbvia, você ficará chocado com as reviravoltas que lhe esperam até o seu final.
Portanto, esqueçam o filme Eu Sou a Lenda. Não há muita coisa da obra de Richard Matheson que tenha sido aproveitado de produtivo. Uma cidade “morta” e infestada por criaturas você pode ver em Madrugada dos Mortos, Extermínio e outras diversas produções cinematográficos por aí. Então, se quer uma experiência única e uma trama original, não deixe de ler a A Última Esperança Sobre a Terra, que possui uma essência própria e que causa diversos sentimentos, onde todos são de natureza aterrorizante.
Stephen King - The Shining (O Iluminado)
O Iluminado, ou The Shinning, no original, é sem dúvida um clássico do horror dos anos 90, talvez o mais popular livro do famoso e milionário escritor Stephen King. King dispensa muitas apresentações. Vale ressaltar minha opinião sobre ele: escritor excelente no que faz (romances e contos de horror), mas que vez ou outra publica coisas bem medianas. Felizmente, não é o caso desse livro.
A trama de King reúne poucos personagens: Jack Torrance (que aceitou trabalhar no sombrio hotel Overlock, isolado do resto do mundo), o filho especial Danny( o tal iluminado do título), a mãe de Danny (sempre disposta em dar carinho ao filho) e o cozinheiro Halloran. Há outros personagens secundários, mas que servem apenas de cenário para que esses quatro vivam as terríveis experiências descritas no livro. King utiliza-se ainda de uma de suas técnicas mais milenares: “jogue todos os personagens num canto isolado do mundo e cerque-os de monstros”. O que, se bem feito, dá muito certo. Vale destacar também as relações magistralmente montadas por King para o trio familiar. O pai ama muito o filho e a mulher, mas tem problemas com álcool e vez ou outra despeja suas mágoas da vida sobre a família. O amor entre pai e filho é visível em todo o livro, desde o início morno até o clímax alucinante. Entre eles, a mãe, que ama igualmente o filho, mas não recebe tanta atenção assim por parte do pequeno.
PS: Vale ressaltar que foi feito um filme baseado nesse livro, com direção de Kubrick (para quem não conhece, foi um dos maiores cineastas do século passado) e Jack Nicholson no elenco. O filme foi extremamente aclamado (com razão) pela fidelidade à história e a aula de cinema que ele dá, e até hoje é uma das mais pertubadoras experiências cinéfilas que podemos encontrar.
Desde 2009, Stephen King vem anunciando uma continuação para sua obra-prima O Iluminado. De acordo com Lilja’s Library, numa nota postada dia 12 de novembro, o livro já teve seu segundo rascunho finalizado e se chamará DR.SLEEP.
O autor postou em seu site oficial que a trama envolve um grupo de vampiros viajantes chamado A Tribo, provavelmente cruzando o caminho de Danny Torrance. Algumas especulações apontam para o fato dessas criaturas se alimentarem de energia psíquica, o que justicaria o encontro com o “iluminado“.
H.P. Lovecraft - The Whisperer in Darkness (Um Sussurro Nas Trevas)
Lovecraft tem uma legião de fãs, mas não é literatura que agrade a todos. Uma pena, porque as histórias de terror dele não são apenas clássicas, elas foram o embrião de muita coisa boa que surgiu depois. Neil Gaiman adora Lovecraft ― e fãs de Neil Gaiman podem sacar várias influências de Lovecraft em diversos dos textos dele.
O feeling desse livro é um pouco diferente dos de Nas montanhas da loucura. É intimista, como todos do autor, e até mais do que em Nas montanhas da loucura, ele nos faz sentir o drama dos personagens de um modo mais intenso. O suspense é construído de um jeito que você imagina exatamente os passos dos personagens… mas, curiosamente, ao mesmo tempo você torce para que não façam nada daquilo, que vão se meter em encrenca, que vai dar tudo errado… é impressionante o como, como as coisas vão acontecendo… o lance da gravação, com os sussurros propriamente ditos, dos seres tenebrosos cósmicos, me fez lembrar também do filme Evil Dead. É um tipo de terror angustiante, em que você vai sendo levado pelas ações dos personagens, das descobertas do estudioso que a princípio era descrente em relação a alienígenas, e depois se defronta com, bem, seres sussurrantes, com uma inteligência surpreendente.
Gustav Meyrink - The Golem (O Golem)
Esta é a obra mais conhecida de Gustav Meyrink,inspira-se na criação relatada da Gênese.No começo de nossa era alguns rabinos quiseram imitar Deus e acharam que poderiam criar um ser vivo e inteligente,valendo-se de fórmulas mágicas.(...) Amassando certa quantidade de barro vermelho era possível criar um homem pronunciando ao contrário certass combinações criadas por uma seita chamada Chassidim.Escritores alemães do século XIX exploraram bastante este mito e , um pouco mais tarde,alguns autores franceses modificaram a lenda. Gustav Meyrink é, sem dúvida,o mais inquientante entre todos.
O Golém, originalmente, é um mito criado pela tradição da Cabala, que trabalha com a idéia desenvolvida pela tradição judaica de que o homem é um ser feito pelo Criador a partir do barro do terra e animado pelo sopro divino. É esse o mito desenvolvido pelo cronista bíblico na sua narração da obra genética de Deus, ao criar o homem Adão.Até aí impera o espírito místico e religioso do homem ao atribuir uma concepção mágica ao fenômeno humano. É o espírito relogioso que fala. Mas logo em seguida vem uma concessão ao espírito científico ao atribuir o nascimento da mulher a partir de uma operação cirúrgica (embora magicamente feita por Deus), na qual a doce companheira do homem é produzida a partir de uma costela sua. Aqui vemos Deus como um cientista trabalhando como um cientista em seu laboratório.
E o homem, moldado por Deus, herda, em seu bestunto, a qualidade de Criador. Ou pensa que herda. Pois ele que guarda em seu projeto inicial a informação de como procriar e, mais que isso, entender como isso pode ser feito, julga que também, como Deus, é capaz de criar seres vivos.
Essa idéia é uma obsessão que o acompanha desde que ele aprendeu a pensar. Está na origem de velhos mitos, como as próprias narrativas do Gênesis, que provavelmente são inspiradas em narrativas mais antigas ainda, pois já aparecem em ancestrais contos súmerios, e também nas modernas pesquisas da ciência da engenharia genética e da robótica. O homem quer porque quer fabricar cópias de si mesmo, não da forma natural, pelos processos pelos quais o seu Criador o dotou, mas pelo seu próprio poder de criar.
Esse é o tema central dessa lenda instigante e intrigante que é O Golem.
Bram Stoker - Drácula
Em Drácula, de Bram Stoker, podemos dizer que os personagens são meio planos, já que os bons são extremamente bons, e os maus são absurdamente malignos. Na minha opinião, o personagem mais interessante do livro nem é o próprio Drácula, mas sim R. M. Renfield, o “louco”. Já o personagem Drácula foi criado a partir do verdadeiro Príncipe Vlad Tepes como molde. Seu nome vem do pai dele, o Príncipe Vlad Dracul. Mistura elementos, tanto da cultura Irlandesa quanto da Hungria em um excelente livro.
A leitura não é simplista, pois ela é carregada não somente de termos de uso não tão comum, como é marcada por todos os preconceitos da época, e a narrativa é mais lenta, por meio de cartas, diários, e isso não é um problema para quem gosta desse tipo de narrativa, certo? Vale muito a pena ler essa obra, especialmente se você gosta de vampiros. Afinal, esse livro deu origem a muita coisa que veio depois disso, sendo leitura obrigatória para quem realmente aprecia os seres da noite, mesmo aqueles que não gostam da versão clássica do vampiro mal, avesso a alho, cruzes, etc.
O mais famoso romance do inglês Bram Stoker tem sido evitado por leitores que não gostam de estórias de terror, um lamentável fato que se deve a avaliações precipitadas. Na verdade, Stoker se revela um habilidoso contador de estórias, sendo Dracula um romance leve, de narrativa dinâmica e delicioso clima vitoriano. O livro pode ser entendido como uma fábula gótica sobre a condição humana, mas com o ritmo das estórias de aventura, dos filmes policiais e dos contos de suspense. Um jovem corretor de imóveis londrino é enviado para a Europa central pelo seu chefe para negociar com um nobre romeno interessado em adquirir uma propriedade na Inglaterra. Chegando lá, o negócio se concretiza, apesar de estranhos fatos que, a pouco e pouco, aterrorizam o pobre funcionário. De volta à Londres, o rapaz percebe uma correlação entre preocupantes acontecimentos noticiados pela imprensa local, tristes ocorrências no seu círculo de amizades e a chegada do nobre à cidade. O nobre se chama Conde Dracula. O grupo de amigos, dentre os quais se destaca o médico Seward e seu ex-professor dos tempos de faculdade, Dr. Van Helsing, se organizam para desarticular o plano de Dracula, interessado em reproduzir na maior cidade de então o mesmo domínio que exerce sobre os habitantes da Transilvânia. Jonathan Harker, o corretor que se hospedou no castelo de Dracula, e sua noiva, Mina, também participam da caçada ao vampiro. A segunda metade do livro é extremamente ágil, sendo normalmente lida em um só fôlego. Escrito em 1897, este livro está impregnado dos valores da época. A Europa começava a se recuperar de uma longa depressão econômica (1873-95), estando às vésperas da ?Belle Epoque?. O mundo ainda não havia conhecido os horrores das guerras mundiais; faltavam 20 anos para eclodir a revolução russa; o avião ainda não havia sido inventado e a energia elétrica ainda não havia se difundido às massas; a Inglaterra ainda era a maior potência internacional, sem ter consciência de que entre 1914 e 1945 a ordem mundial sofreria mudanças irreversíveis no que tange à importância da coroa britânica. Enfim, Dracula de Bram Stoker acaba sendo um documento histórico que registra um mundo que estava prestes a deixar de existir. Hoje, Dracula certamente pensaria em ir para New York.
Henry James - The Turn of the Screw (A Outra Volta do Parafuso)
A Outra Volta do Parafuso, começa naquele clima gostoso que precede as grandes histórias de terror. Tudo que ficaremos sabendo nas páginas seguintes, é contado através de um senhor muito rico dono de uma mansão, que certa noite, ao conversar com os seus convidados sobre algumas histórias de terror sentados ao redor de uma lareira, anuncia que há muitos anos tomou conhecimento do relato mais aterrador que já ouviu em sua existência. Todos ficam curiosos, obviamente, e algumas noites seguintes, o anfitrião pega as notas escritas pela própria protagonista da história que irá ser contada (uma antiga amiga), e começa a ler em voz alta para os seus hóspedes. Dá-se então, o início oficial da história.
Começa então um relato em primeira pessoa de uma protagonista sem nome, intimamente ligada ao leitor através de um diário escrito pela mesma, onde relata com minúcias os acontecimentos que precederam a sua estranha contratação para trabalhar em uma propriedade afastada da civilização, até a chegada enfim, à casa de campo onde irá trabalhar. Lá ela conhece os seus pupilos, duas crianças adoráveis e angelicais, as quais logo adquire uma enorme afeição e sentimento de proteção. Seus dias porém, vão tornando-se menos sossegados, pois a sensação de uma presença macabra de certa forma ligada a mansão e as suas crianças, permeia e corrói aos poucos os seus pensamentos.
Os diálogos são incrivelmente bem construídos; cada palavra, cada frase, pode vir carregada de diversos sentidos diferentes e não sabemos ao certo o que tirar a partir dali - daí a ambiguidade do texto. É quase como um jogo, onde nenhum dos personagens deixa a peteca cair no chão, em diálogos repletos de sentidos ocultos em que ficamos no perguntando "o que ele quis dizer com isso?". O leitor em certo ponto deverá tomar partido sobre o que acreditar; o sobrenatural nos deixará na dúvida: "ele existe ou não?"; enquanto isso a situação vai caminhando para um clímax habilmente conduzido e aberto a diferentes interpretações.
"Uma vez imaginei reconhecer, tênue e distante, o grito de uma criança; em outra ocasião dei por mim assustando-me ao ouvir passar pela minha porta passos leves. Mas essas fantasias não eram tão nítidas que não pudessem ser descartadas, e é só à luz, ou talvez melhor dizendo, à treva de outras ocorrências subsequentes que elas agora me voltam à mente."
O livro foi escrito no século XIX, e por isso os diálogos podem ser um tanto floreados e formais demais para quem não está acostumado a esse tipo de escrita. Porém em momento algum se torna de difícil interpretação, e pode ser lido sem maiores problemas. O clima de expectativa também ajuda muito para que continuemos fielmente a leitura, sempre na espera do que está por vir, de uma luz no fim do túnel que arranque enfim as nossas dúvidas.
O autor teve uma ideia original quanto a elaboração do enredo para a sua curta história de terror, mas da minha parte curti cada momento dessa espécie de terror psicológico criado por ele. Henry James sempre se esquivou dos questionamentos do público em relação a esta história; uma prova de que o que ele de fato queria era deixar tudo a cargo da interpretação de cada um. O autor, inclusive, em certa ocasião, declarou esta criação como sensacionalista, um livro criado para agradar aos leitores menos preparados para enfrentar as exigências de suas obras mais importantes - o que ironicamente tornou-se uma contradição, pois a estética necessária para a construção de tal enredo é de tamanho caráter artístico, que este tornou-se um dos seus títulos mais importantes ao longo dos séculos, já tendo originado diversas análises e pesquisas, em uma tentativa de desvendar o significado oculto, entremeado no duplo sentido dos seus diálogos.
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