segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Livros Para Ler Antes de Morrer - Romance Policial & Investigação.


Mais uma lista para não perder o costume, como prometida a lista dos Livros Para Ler Antes de Morrer de Romance Policial & Investigação.
Aguardo agora o contato de vocês para que outro tipo de lista vocês gostariam de ver compartilhada no BLOG.

Agatha Christie - Ten Litlle Niger/And Then There Were None (O Caso dos Dez Negrinhos)

O Caso dos Dez Negrinhos é um romance policial de Agatha Christie, publicado em 1939. É o livro mais vendido de Agatha Christie, e também um dos maiores best-sellers de todos os tempos, com cerca de 100 milhões de cópias vendidas.O título do livro causou polêmica, principalmente nos Estados Unidos, por conta dos "negrinhos" no título. Por isso, no mercado norte-americano ele é conhecido como And Then There Were None ou Ten Little Indians. O livro chegou a ser publicado no Brasil nos anos 50, com o título de O Vingador Invisível, e em 2008, com o título de E Não Sobrou Nenhum.

A história passa-se numa ilha deserta situada na costa de Devon, sendo que ela é narrada totalmente na terceira pessoa e descreve a vivência de dez estranhos (entre si) que foram atraídos para a mansão da ilha por um misterioso homem e sua esposa, que têm as mesmas iniciais: U. N. Owen.

Sinopse: "Dez pessoas são convidadas a passar alguns dias em uma ilha chamada Ilha do Negro, esta estava há dias sendo motivo de discussão em jornais e revistas e mexericos na aldeia vizinha a respeito de quem era seu novo dono. Após chegarem na ilha, se surpreendem ao saber que o dono da casa não está presente, que pretende chegar logo mas que os convidados devem se sentir a vontade e aos cuidados do casal de empregados da casa.
       Quando os hóspedes já estavam se conhecendo e sentindo-se mais a vontade na casa, uma gravação expõe crimes dos quais cada um deles é acusado de cometer. Um dos convidados morre asfixiado com algo que havia em sua bebida e na mesma noite também a mulher que era empregada da casa morre dormindo. O medo começar a assolar a todos quando eles descobrem que a sequência de mortes acontece conforme a narração da história infantil dos dez negrinhos.
       Depois de vasculhar a ilha a procura do assassino, os hóspedes passam a desconfiar uns dos outros, chegando a conclusão de que o dono da casa está disfarçado entre eles, e daí por diante o enredo nos trás a dúvida sobre quem é o responsável pela terrível sucessão de mortes que acontece na ilha, se de algum jeito existe alguém mais na mansão e nos faz mudar frequentemente de suspeito, levando-nos a conhecer os personagens mas em momento algum a nos afeiçoar por eles."


Sir Arthur Conan Doyle - The Hound of the Baskervilles (O Cão dos Baskerville)


The Hound of the Baskervilles (em português, O Cão dos Baskerville) é um livro escrito por Sir Arthur Conan Doyle, tendo como protagonistas Sherlock Holmes e Dr. Watson. Publicado em 1902, a história era originalmente dividida em partes, impressas pela revista Strand Magazine de agosto de 1901 a Abril de 1902.
É considerada a melhor aventura do famoso detetive. Se você gosta de histórias de investigação que ao mesmo tempo fazem você sentir medo, tensão e ansiedade, essa com certeza é uma das melhores e não pode faltar na sua estante!


A história começa a se formar a partir do momento em que Dr. Mortimer, amigo do recém-falecido Sir Charles Baskerville(que supostamente morreu pela maldição da família), procura Sherlock Holmes em busca de ajuda para proteger o herdeiro Sir Henry Baskerville da maldição que há anos amedronta essa família, a qual conta sobre um cão fantasmagórico que persegue e mata quem carrega o sangue Baskerville.


Sinopse: "Em O cão dos Baskerville, Sherlock Holmes e o dr. Watson investigam a morte de sir Charles Baskerville, numa história eletrizante que se tornou um clássico da literatura policial.
Em meados do século XVII, um lendário cão do inferno matou Hugo Baskerville na charneca da propriedade familiar, em Dartmoor, e nunca mais parou de assombrar a família. Séculos depois, quando sir Charles Baskerville morre em circunstâncias misteriosas, seu herdeiro, sir Henry, recebe uma ameaçadora carta anônima.
Alarmado, Henry Baskerville aciona Sherlock Holmes. O detetive encarrega seu assistente, o dr. Watson, de acompanhar sir Henry enquanto se instala em segredo num povoado próximo para descobrir quem teria interesse em eliminar o último dos Baskerville e, assim, apoderar-se de sua herança. Com seus infalíveis métodos de dedução, Sherlock Holmes tenta evitar que o assassino de sir Charles faça mais uma vítima na família."


Agatha Christie -  Murder on the Orient Express (O assassinato no Expresso do Oriente)


Um excelente thriller policial. Agatha Christie com certeza faz jus ao título de “Rainha do Crime” que lhe foi conferido, como pode ser visto nesse livro envolvente e genial.

A história começa com o detetive Hercule Poirot, que acabara de resolver um caso na Síria e agora precisava retornar para casa a bordo do Expresso do Oriente. A princípio Hercule enfrenta alguns problemas, sendo o principal deles a falta de quartos disponíveis, visto que naquele dia o Expresso está com uma quantidade de passageiros particularmente grande para aquela época do ano. Após um dos passageiros não comparecer, o detetive enfim embarca e o trem parte.

Assassinato no Expresso do Oriente é um romance policial curto, objetivo, e que faz você tentar descobrir quem foi o assassino até as últimas páginas, o que parece meio impossível, até por que há muitas pessoas envolvidas no caso.



Sinopse:
"Pouco depois da meia-noite, uma tempestade de neve pára o Expresso do Oriente nos trilhos. O luxuoso trem está surpreendentemente cheio para essa época do ano. Mas, na manhã seguinte, há um passageiro a menos. Um americano é encontrado morto em sua cabina, com doze facadas, e a porta estava trancada por dentro. Pistas falsas são colocadas no caminho de Hercule Poirot para tentar mantê-lo fora de cena, mas, num dramático desenlace, ele apresenta não uma, mas duas soluções para o crime."

Edgar Allan Poe - Murders in the Rue Morgue (Os Assassinatos da Rua Morgue)


The Murders in the Rue Morgue é um conto escrito por Edgar Allan Poe e que foi publicado pela primeira vez na Graham's Magazine, em abril de 1841.

Que Holmes e Poirot são grandes detetives do romance policial, todos sabem, mas poucos conhecem o nascimento das histórias de detetives.
Assassinatos na Rua Morgue, de Allan Poe, foi a obra que iniciou esse movimento literário que ganhou fama com as histórias escritas por Conan Doyle e Agatha Christie, e trás um caso um tanto quanto intrigante no conto principal do livro. Outros contos macabros neste livro certamente agradam aos fãs de terror/suspense, tais como O Gato Preto e Nunca Aposte Sua Cabeça com o Diabo, que trazem figuras medonhas e misteriosas em seu enredo.
Por ser um Pocket Book seu custo comparado com os Best-Sellers é bem barato, e nem por isso o leitor será privado de boas histórias, aliás, que sempre dão vontade de ler novamente quando chega-se ao fim do livro.


Sinopse:
"O livro conta a história de dois brutais assassinatos em Paris, casos que parecem insolúveis pois não parecem terem sido cometidos por um ser humano, até que o detetive Francês Monsieur C. Auguste Dupin, o fascinante personagem de Poe,  assume o caso e, usando sua estupenda inteligência e através de um sistema próprio de dedução baseado na sua profunda capacidade de observação dos fatos, é capaz de ler os pensamentos do seu interlocutor e desvendar um dos mais intrincados e misteriosos casos de assassinato já enfrentado pela polícia francesa: o bárbaro duplo assassinato de mãe e filha num apartamento na rua Morgue."

Raymond Chandler - The Big Sleep (À beira do abismo)


Tudo começa com o que parece ser um clássico caso de chantagem, quando o detective Marlowe é contratado pelo velho general Sternwood para averiguar quem está por detrás do misterioso pedido de dinheiro. A situação, contudo, torna-se sucessivamente mais complexa, à medida que, com o revelar de novas e estranhas personagens, também o rasto de cadáveres começa a surgir.
Uma obra intrigante e envolvente, na linha do romance policial clássico, e ela própria um clássico. Philip Marlowe é um dos detectives privados mais famosos da literatura policial e este seu primeiro caso explica-nos claramente o porquê da sua notoriedade. Afinal, no lado mais sombrio da lei, quando as próprias autoridades fecham os olhos ao crime, uma personagem que desvenda um mistério tão improvável como o deste À Beira do Abismo não pode ser menosprezada.
Um clássico, sem dúvida, para os apreciadores do romance policial. E também uma excelente leitura. Recomendo.

Sinopse:
"Philip Marlowe estava limpinho, barbeado, arrumado e sóbrio sem se incomodar com que essa aparência comportada pudesse provocar. Estava apenas se apresentando dentro do figurino - na melhor forma que um detetive particular bem-vestido pudesse estar. Porque ele estava protegendo quatro milhões de dólares.
Esses quatro milhões de dólares - um velho general paralítico e suas duas lindas filhas( a primeira era uma jogadora inveterada e a outra uma degenerada sexual)- representavam uma tentação para toda sorte de vigaristas, chantagistas, gangsters e assassinos.
E a coisa toda se transforma subitamente num esquema de ¨atirar primeiro e olhar depois¨quando Marlowe decide enfrentar o mundo do crime californiano."

John Le Carré -  Tinker, Taylor, Soldier, Spy (O Espião Que Sabia Demais)

Este é o primeiro livro da Trilogia Karla, trazendo o espião afastado George Smiley. Smiley é convidado a investigar quem é a "toupeira" do serviço secreto britânico (conhecido como Circus). Simples assim (não é simples assim) e é sobre isso que o livro inteiro se trata: a investigação. Ou poderia ser, já que o autor nos traz muitas informações, tanto sobre o serviço secreto, quanto sobre os sentimentos e preocupações de cada personagem.
George Smiley é ajudado por Peter Guillam que é outro espião de importância na estória.
As milhares de coisas que o autor joga no colo do leitor durante o livro inteiro, nos fazendo sentir burros e desentendidos, fazem sentido no final. Faz perfeito sentido.

Eu recomendo para quem aceita um desafio literário. Se você ler este livro, por favor me envie suas impressões sobre ele, pois seria ótimo.



Sinopse:
"Neste romance a trama está centrada na busca por um agente soviético infiltrado na cúpula do Serviço Secreto inglês e para isso e chamado de sua aposentadoria o principal personagem de Le Carre: George Smiley. Ao contrário de James Bond , Smiley é baixo , gorducho , algo calvo , depressivo e corno-manso (esta última característica é fundamental no romance). Andando por ruas chuvosas , conversando com velhos membros subalternos do Serviço Secreto colocados na geladeira ou aposentados , revirando arquivos empoeirados a procura de pastas velhas , Smiley faz uma expedição arqueológica ao passado do Serviço e a seu própio passado ; é um desencavar de velhas traições e velhas amarguras."

Agatha Christie - The Murder of Roger Ackroyd (O Assassinato de Roger Ackroyd)


Mais um Romance de Agatha Christie que tem como personagem principal o brilhante e extremamente meticuloso detetive belga Hercule Poirot. Decidido a aposentar-se da vida de investigações sobre assassinatos, traições, vinganças, Poirot resolve mudar-se para a pacata vila Britânica Kings About. No entanto, um grande amigo de seu mais recente vizinho, Dr Sheppard - que é quem nos narrará a história a partir de seu particular ponto de vista - é assassinado, cabendo a este narcisista homenzinho de bigodes pronunciados a sua solução.

A trama gira em torno do assassinato, logo no início do livro, de Roger Ackroyd que é um cidadão rico e proeminente, paciente e amigo do Dr Sheppard. Morto a punhaladas com adaga tunisiana de sua propriedade, Roger havia recebido uma carta de sua falecida amante, Mrs Ferrars, logo antes de ser assassinado.



Sinopse: 
"Roger Ackroyd sabia de mais. Sabia que a mulher que amava envenenara o primeiro marido, um homem extremamente violento, e suspeitava que ela era vitima de chantagem. Agora, que as trágicas noticias sobre a sua morte apontavam para um suicídio por overdose, eram muitas as perguntas que pareciam não ter resposta.
Mas quando pensava estar perante as primeiras pistas do caso, Ackroyd ver-se-ia envolvido num homicidio brutal: o seu!
O Dr. Sheppard, médico da aldeia, fala então com o vizinho, um detective reformado que escolhera o campo para passar tranquilamente os seus últimos anos de vida. A escolha não podia ser mais acertada pois o pacato vizinho era nem mais nem menos que o belga Hercule Poirot."

sábado, 15 de setembro de 2012

Grandes Escritores e Suas Grandes Obras (Parte 2) - Frank Herbert & Duna



Publicado em
1965 Duna rompeu com muitos temas comuns à ficção de gênero produzida até então, deixando de lado os robôs artificialmente inteligentes, bizarras raças alienígenas humanoides e sagas espaciais para focar no elemento humano e criar metáforas que representavam os perigos e medos da época em que foi escrito. Tal ousadia rendeu ao livro o status de se tornar um dos maiores best sellers de ficção científica de todos os tempos. Duna ganhou os prêmios Hugo e Nebula no ano de sua publicação. O romance rendeu ainda uma série de mais cinco livros escritos por Herbert e inspirou um filme dirigido por David Lynch, duas minisséries de televisão realizadas pelo Sci Fi Channel, jogos eletrônicos e uma série de prequels co-escritas por Brian Herbert, o filho do autor, e Kevin J. Anderson.

Um breve resumo da história: a família Atreides é incumbida pelo Imperador Padixá de assumir o controle do desértico planeta Arrakis, mais conhecido como Duna. Nesse inóspito território, o duque Leto Atreides, sua concubina Lady Jéssica e o filho Paul Atreides terão que se adaptar a limitações e problemas diversos, como revoltas e o contrabando da especiaria mélange. Esse produto é essencial para o império, já que a droga é utilizada pelos navegadores da Guilda para atravessar as dobras espaciais e levar as naves a seus destinos corretos, já que a especiaria os premia com um dom de presciência fundamental a suas funções. O que a casa dos Atreides não sabe é que o Imperador Padixá está temeroso com a crescente popularidade e força do duque Leto, e pretende dar um golpe definitivo à sua casa, utilizando como aliado o inescrupuloso barão Vladimir Harkonnen.


O livro é de compreensão difícil, há uma gama abrangente de expressões e conceitos da própria história que acabam confundindo o leitor mais desatento. Felizmente, apêndices ao final do livro servem de orientação, não nos deixando se perder na complexidade dos elementos apresentados. Após degustar metade do livro, estes elementos já conseguem ser organizados na mente, e a história passa a viciar a cada página.


Na verdade, uma palavra para representar o ritmo de Duna é... frenético. Foram raros os momentos em que a leitura torna-se cansativa e sem avanço: em algumas cenas onde prevaleciam a jornada por entre os cenários arenosos do deserto, em que o autor descrevia precisamente os detalhes de se viver em tal lugar árido. Fora isso, a trama consegue elevar e diminuir a tensão constantemente, um ritmo cativante amparado pela divisão do livro em três outros livros menores - coisa semelhante que acontece num volume do Senhor dos Anéis( livro I e livro II). Desta forma, o desenvolvimento do enredo sempre demonstra um início e um fechamento climáx que dá corda ao próximo livro, contribuindo bastante para manter o leitor preso às suas 600 páginas de história.

Um detalhe importante sobre os capítulos é que eles não são nomeados, e sim, apresentam uma introdução: uma citação de algum livro do universo de Duna para contextualizar o capítulo que virá em seguida, o que chamamos de epígrafe. Um método estiloso e chamativo que dá uma cara diferente ao texto. Acho bem interessante este tipo de início, pois coloca uma grande expectativa na leitura a partir de frases intrigantes.

No plano cultural, temos os costumes dos Fremen(povo do deserto) que faz alusão direta à escassez de água no planeta, e nisto já puxa um gancho para a questão ecológica também tratada no livro. A forma como a água é vista em Arrakis é algo impressionante, os costumes que a simples ausência deste líquido precioso pode gerar numa raça é de deixar qualquer um impressionado. Trajes destiladores, que conservam a água de seu corpo, capturando a umidade, e reservando-a numa bolsa no traje; há tendas com este mesmo planejamento de conservação da água. O fato de você chorar também pode ser visto como um desperdício de água. Enfim, há uma série de costumes influenciados pela escassez da água.


O universo de Duna pende mais para a fantasia do que para a ficção científica, pois, tirando as percepções lógicas do autor nos temas citados acima, o que temos é praticamente um mundo medieval. Não há computadores, pois a raça humana já enfrentou uma jihad contra as inteligências artificiais no passado e agora uma casta humana, batizada de Mentats é que faz as vezes de máquinas nos cálculos e decisões. Apesar das viagens espaciais estarem presentes, a maior parte da história se dá no deserto, longe de máquinas e artefatos tecnológicos. Não pense em sabres de luz ou pistolas lasers, as disputas são realizadas com lâminas  envenenadas e resolvidas pela habilidade, ou grau de leviandade, dos combatentes. E, mais do que isso, o desenvolvimento da capacidade de precognição é a arma mor dos mais fortes.

Somos apresentados a bruxas Bene Gesserit, tribos nômades do deserto e acompanhamos o desenvolvimento do possível escolhido que pode provocar uma grande mudança no status quo. E o grande mérito da obra, analisada como ficção, está no brilho dos inúmeros coadjuvantes que se espalham por suas páginas. Desde o traidor da casa Atreides, passando pelo mentat Thufir Hawat, o soldado Gurney Halleck, Duncan Idaho, o traiçoeiro Feyd Rautha, a pequena Alia e tantos outros, cada qual com seu brilho e uma vida intensa dentro da obra.
Diferente da trajetória de Luke Skywalker, Aragorn e Frodo e até mesmo de Harry Potter, a aceitação dos dons do personagem protagonista Paul Atreides, por ele mesmo e os demais, acontece de uma forma extremamente casual, fria e desprovida dos desafios que estamos acostumados a ver na trajetória de um verdadeiro herói. É difícil sentir simpatia por um personagem que já aparece se achando o tal, é aceito como o tal e segue como o tal sem tomar nem um tapa na cara.





Por outro lado, temos um grande deleite ao perceber as analogias ao cenário político nas areias de Duna. Ainda atual, o livro provoca com suas meditações sobre os confrontos entre ocidente e oriente, as batalhas movidas pela religião, a força imperial centrada em um único eixo e uma especiaria capaz de “mover o mundo” (er… petróleo?). Nada que digo aqui é original, a obra já foi analisada, resenhada e avaliada por um sem número de pessoas e cada um desses fatores esmiuçado sem piedade. Contudo, apenas a leitura da obra, senti-la, pode fazer o leitor entender a magnitude alcançada por Herbert em seu trabalho. Sim, é um livro difícil para as novas gerações, não possui batalhas infindáveis e ação ininterrupta, mas elas aparecem no momento certo, dentro de um contexto, e são arrasadoras. Pense em A Guerra dos Tronos e nas articulações políticas que agitam a trama, Ned Stark tem muito do duque Leto, como homem de percepção, vontade e moral inabalável, que deve pagar por não se adequar a um mundo que trata tais qualidades como uma ingênua fragilidade.

Vermes gigantes que se movimentam por baixo do deserto e que irrompem da areia ao menor passo ruidoso dado sobre o terreno arenoso. Especiarias que conferem uma cor azulada aos olhos e que possui propriedades geriátricas. Humanos chamados Mentats treinados para pensar logicamente como computadores, já que o Império proibiu o uso de máquinas pensantes. Isso e muitos outros elementos permeiam o enredo de Duna. Eu não conseguiria fazer um resumo de todas as outras tramas e elementos do livro. Apenas confesso que é de uma riqueza imaginativa exuberante.


Mesmo exigindo um certo esforço e paciência com seu protagonista, e muitas consultas ao glossário que se avoluma ao final da obra, Duna precisa ser lido por sua importância e vivacidade, para se compreender qual a fonte onde tantos autores beberam para a construção de obras mais jovens que hoje apreciamos e, acima de tudo, para identificar nesse distante futuro, muitas galáxias distantes de nós, uma verdade sobre nosso presente. 



Adaptação Cinematográfica



O primeiro trailer da nova adaptação de Duna saiu recentemente e deixou os fãs animados. O filme será estrelado por Timothée Chalamet, Oscar Isaac, Zendaya, Jason Momoa e Rebecca Ferguson. 
De acordo com o diretor, Denis Villeneuve, sua adaptação cobrirá cerca de metade do livro, ou seja teremos dois filmes. 



Frank Herbert


Frank Patrick Herbert
(8 de outubro de 192011 de fevereiro de 1986) foi um autor de ficção científica norte americano de grande sucesso comercial e de crítica. Ele é mais conhecido pela obra Duna, e os cinco livros subseqüentes da série. A saga de Duna trata de temas como sobrevivência humana, evolução, ecologia, e a interação entre religião, política e poder. Arthur C. Clarke escreve que Duna foi "uma obra única de ficção... Não conheço nada comparável a ela exceto O Senhor dos Anéis." Dune foi condecorado com o prêmio Nebula em 1965 e dividiu o prêmio Hugo em 1966.

Frank Herbert nasceu em 1920 em Tacoma, Washington. Desde cedo soube que queria ser escritor e, em 1939 mentiu sobre a sua idade para conseguir o seu primeiro emprego no jornal Glendale Star.


Houve um hiato temporário em sua carreira de escritor enquanto ele serviu na marinha americana como um fotógrafo durante a Segunda Guerra Mundial. Ele casou-se com Flora Parkinson em 1941, mas se divorciou em 1945 após o nascimento de sua filha.

Herbert começou a ler ficção científica nos anos quarenta e, na década de 50 começou a escrevê-la, com pequenas histórias que eram publicadas em Startling Stories e outras revistas. Durante essa década publicou cerca de 20 histórias.
Herbert recusou-se a permitir que a grande banda inglesa de heavy metal IRON MAIDEN utilizasse o nome da sua obra "Duna" num dos seus temas do álbum "Piece of Mind", A música de Iron Maiden ficou conhecida como "To Tame a Land"
Sua carreira como romancista começou com a publicação de The Dragon in the Sea em 1955, história ambientada num submarino do século XXI como uma forma de explorar sanidade e loucura. O livro previu os conflitos mundiais sobre a produção e o consumo de petróleo. O livro foi um sucesso de crítica, mas não atingiu grande sucesso comercial.
Herbert começou a pesquisar Duna em 1959 e pode dedicar-se em tempo integral a obra porque sua esposa voltou a trabalhar em tempo integral como escritora de propagandas para lojas de departamento. Helbert relatou mais tarde em sua entrevista com Willis E. McNeilly que o romance iniciou-se quando ele supostamente deveria escrever um artigo sobre dunas de areia de Florence, Oregon, mas ele ficou tão envolvido que retornou com muito mais material do que seria necessário para um simples artigo. O artigo nunca foi escrito, mas serviu como base para as idéias que levaram a "Duna".
Depois de seis anos de pesquisa e escrita, Duna foi terminado em 1965. Muito longe do que se esperava de ficção científica na época, ele foi publicado na revista Analog em dois volumes separados, em 1963 e 1965. Ele foi rejeitado por aproximadamente 20 editoras antes de finalmente ser aceito. Um editor profeticamente escreveu "Posso estar cometendo o erro da década, mas...," antes de rejeitar o manuscrito. Mas Chilton, uma editora de pequeno porte na Filadélfia deu a Herbert um adiantamento de U$7500,00 e Duna logo foi um sucesso de crítica. Ele ganhou o prêmio Nebula pelo melhor romance em 1965 e dividiu o prêmio Hugo em 1966. Duna foi o primeiro romance de ficção científica ecológico, contendo uma grande quantidade de temas inter-relacionados e diferentes pontos de vista de seus personagens - uma característica presente em todo o trabalho maduro de Herbert.
O livro não se tornou um bestseller instantâneamente. Em 1968 Herbert ganhara U$2000,00 com suas publicações, muito mais do que os romances de ficção científica da época estavam lucrando, mas não o suficiente para torna-lo um escritor em tempo integral. Entretanto, a publicação de Duna abriu muitas portas. Ele foi um professor de escrita no Seattle Post-Intelligencer de 1969 até 1972 e estudante de uma série de temas interdisciplinares na Universidade de Washington (1970–2). Ele trabalhou no Vietnam e no Paquistão como consultor social e ecológico em 1972. Em 1973 foi diretor de fotografia do programa de televisão The Tillers.

Um homem é um idiota em não colocar tudo de si, a qualquer momento, no que está criando. Você está fazendo a coisa no papel. Você não está destruindo, está plantando uma semente. Então, não se preocupe com inspiração, ou qualquer coisa como isso. É apenas uma questão de sentar e trabalhar. Eu nunca tive problemas em escrever apenas um parágrafo. Eu já ouvi falar disso. Eu me sentia relutante em escrever em alguns dias, por semanas inteiras, e as vezes até por mais tempo. Eu preferiria muito mais ir pescar, por exemplo, ou apontar alguns lápis, ou ir nadar, ou por que não? Mas, depois, retornando a leitura do que eu havia produzido, eu era incapaz de detectar a diferença do que veio facilmente e do que eu fiz quando me sentei e disse "Bem, agora é hora de escrever e agora eu vou escrever". Não havia diferença entre um papel e outro." - Frank Herbert

Em 1972 ele pode se tornar um escritor em tempo integral e durante os anos 70 e 80, teve um sucesso comercial considerável como escritor. Ele viveu entre os estados do Hawaii e Washington. Em sua época ele escreveu vários livros e abordou temas ecológicos e filosóficos. Ele continuou a saga Duna, continuando com O Messias de Duna, Os Filhos de Duna e O Imperador Deus de Duna. Outros textos foram The Dosadi Experiment, The Godmakers, The White Plague e os livros que escreveu em parceria com Bill Ransom: The Jesus Incident, The Lazarus Effect e The Ascension Factor.
Mas sua ascensão foi marcada por tragédia. Em 1974, Bervely foi operada de cancer, o que deu a ela mais dez anos de vida, mas afetou sua saúde. Ela morreu em 7 de fevereiro de 1984. Em sua dedicatória em As Herdeiras de Duna, Herbert escreveu uma nota para sua esposa.
1984 foi um ano tumultuado na vida de Herbert. No mesmo ano que sua esposa morreu, sua carreira decolou com o lançamento da versão filmada de Duna, por David Lynch. Apesar da grande expectativa, de uma produção com grande orçamento e com um elenco classe A, o filme foi pouco elogiado pela crítica e público nos Estados Unidos. Entretanto, apesar da resposta americana desapontadora, o filme foi um sucesso na Europa e no Japão. No mesmo ano Herbert publicou o quinto livro da saga, Os Hereges de Duna. Finalmente, após a morte de Bervely, Herbet casou-se com Theresa Shackelford depois de um ano.
Em 1986 Herbert publicou As Herdeiras de Duna, que deixou em aberto várias possíveis sequências para a saga. Esse foi o trabalho final de Herbert que morreu de cancer do pancreas em 11 de fevereiro de 1986, na cidade de Madison, Wisconsin com 65 anos.





quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Livros Para Ler Antes de Morrer - Romance & Drama

Como prometido segue agora a lista dos melhores livros de Romance & Drama já publicados, alguns já foram adaptados ao cinema mas a sétima arte nunca supera as veredas da mente humana, por isso sugiro que antes de assistir aos filmes leia os livros, de preferência nem veja os filmes depois disso pois as vezes a adaptação pode decepcionar.
Repito, as listas nunca são unânimes, gostaria também de saber a opinião de vocês sobre a mesma e, caso considerem que falta algum título, por favor comentem e partilhem com os restantes leitores.

Para quem já leu as listas de Horror & MistérioFicção Científica & Fantasia, a próxima lista será sobre os livros de Romance Policial & Investigação.

Leon Tolstói - La Guerre et la Paix (Guerra e Paz)


Guerra e Paz é o mais longo, o mais denso e mais significativo dos romances de Tolstói, foi escrito no período mais feliz da sua vida. Há nele de tudo - pranto e riso; grandeza e miséria; idéias falsas e idéias justas; injustiças e parcialidades; exaltação dos simples e humilhação dos grandes e o reconhecimento da potência divina que rege os homens e os destinos da humanidade.
Tolstói desenvolve no livro uma teoria fatalista da História, onde o livre-arbítrio não teria mais que uma importância menor e onde todos os acontecimentos só obedeceriam a um determinismo histórico irrelutável.
A riqueza e realismo de seus detalhes assim como suas numerosas descrições psicológicas fizeram de Guerra e Paz um novo gênero de ficção. Apesar de atualmente ser considerada um romance, esta obra quebrou tantos códigos dos romances da época que diversos críticos não a consideraram como tal. O próprio Tolstói considerava "Ana Karenina" (1878) como sua primeira tentativa de romance, no sentido aceito na Europa.

Guerra e Paz fez um enorme sucesso à época de sua publicação, imprevisto até mesmo para o autor.

"Milhões de pessoas praticaram, umas contra as outras, uma quantidade tão inumerável de crimes, embustes, traições, roubos, fraudes, falsificações de dinheiro, pilhagens, incêndios e assassinatos, como não se encontra nos autos de todos os tribunais do mundo em séculos inteiros [...]. O que produziu tal acontecimento extraordinário?”


Empenhado em responder a esta pergunta, através da busca pela verdade histórica dos fatos, e em argumentar com os historiadores de sua época, que no seu entender resumiam os acontecimentos nas ações de algumas figuras poderosas, Liev Nikoláievitch Tolstói (1828-1910) escreveu um dos maiores romances da literatura mundial. Guerra e paz descreve a campanha de Napoleão Bonaparte na Rússia e estende-se até o ano de 1820. Baseado em meticulosa e exaustiva pesquisa – com fontes que vão dos estudos do francês Adolphe Thiers e do russo Mikháilovski-Danílevsk a testemunhos orais –, Tolstói reconta os episódios que culminaram na derrota francesa e retrata, à sua maneira, personagens reais, como o próprio Napoleão e uma série de comandantes militares.



Jane Austen - Pride and Prejudice (Orgulho e Preconceito)


Orgulho e Preconceito é um clássico da literatura inglesa escrito em 1813. Muitas águas foram passadas, a autora, Jane Austen já faleceu há um bom tempo, mas sua obra continua viva dentro dos amantes da leitura. Há quem goste de ler clássicos, sejam eles de onde for, mas  Orgulho e Preconceito é a obra-prima de Jane Austen. O fato dela ter concluído o livro antes dos 21 anos então, torna-o, aos meus olhos, mais que um prodígio. Uma obra que reúne tudo, do romance até a intelectualidade, e ainda faz que com as pessoas gostem dele.

“São poucas as pessoas a quem realmente amo, e menos ainda aquelas dais quais tenho uma boa opinião. Quanto mais conheço o mundo, mais fico descontente; e a cada dia se confirma minha crença na inconsistência de todos os caracteres humanos e na pouca confiança que pode ser depositada nas aparências do mérito ou do bom senso.”


Sem dúvidas, para alguém que não está acostumado com esse tipo de literatura, a narrativa pode ser um choque. Jane Austen não se contém ao descrever a cena, o dia-a-dia e os costumes dos seus personagens com fidelidade. A narrativa é em terceira pessoa, mas constantemente somos levados para dentro da cabeça de Elizabeth Bennet e suas opiniões são expressas com o passar dos acontecimentos, tendo ela como a personagem principal e heroína. A autora não falha ao passara para nós o modo de pensar da jovem daquela época, através de Elizabeth. Quando ela escreveu o livro, isso poderia ser um mero detalhe, mas para nós, que estamos vivendo em pleno século 21, isso é incrível, ver como pessoas da nossa idade se portavam naquela época. Uma menina da minha idade já estava desesperada por casamento, quem imaginaria isso?


O universo do livro é o mesmo da Inglaterra rural e das caçadoras de marido que consagrou Austen como hábil cronista do cotidiano de seu tempo. Mas, neste livro em especial, a ousadia dela foi mais longe do que se esperaria de uma jovem casta, filha de um pastor anglicano e nascida no final do século XVIII. Jane fala com desenvoltura do amor, do desejo reprimido, da energia feminina, da sensualidade aprisionada em espartilhos que mal deixavam as damas respirarem. Por baixo da maquiagem e das incontáveis peças de roupa que impediam o contato mais direto de homens e mulheres (e aqui contato direto quer dizer um abraço ou um apertar de mãos sem uma luva no meio), ela explode em desejo. E ainda, sem trocar um único beijo, fascinante!


Colleen McCullough - The Thorn Birds (Pássaros Feridos)



Pássaros Feridos é um romance singular. Conta a saga da família Cleary que tem início no começo do século 20, quando Paddy leva a esposa, Fiona, e os sete filhos do casal para Drogheda, uma enorme fazenda de criação de carneiros, de propriedade de sua irmã mais velha, viúva e sem filhos. Entre os 7 filhos de Paddy, encontra-se Maggie, a protagonista deste romance. Sua história é contada desde quando tem apenas 7 anos e se sente excluída pela mãe que dá preferência aos filhos homens, até o final de sua vida como Senhora da enorme fazenda de Drogheda.

Entremeando esses acontecimentos, está o proibido amor de Maggie pelo ambicioso padre Ralph de Bricassart. Uma história de amor fantástica, envolvente, forte e significativa.


"Existe uma lenda acerca de um pássaro que só canta uma vez na vida, com mais suavidade que qualquer outra criatura sobre a terra. A partir do momento em que deixa o ninho, começa a procurar um espinheiro-alvar e só descansa quando o encontra. Depois, cantando entre os galhos selvagens, empala-se no acúleo mais agudo e mais comprido. E, morrendo, sublima a própria agonia e despede um canto mais belo que o da cotovia e o do rouxinol. Um canto superlativo, cujo preço é a existência. Mas o mundo inteiro pára para ouvi-lo, e Deus sorri no céu. Pois o melhor só se adquire à custa de um grande sofrimento"

O livro emociona do primeiro ao último capítulo. É impossível não se envolver com a personagem Maggie de forma que você sofra, ri, chore junto com ela em cada fase de sua vida. De criança à senhora. De menina à mãe. Colleen McCullough nesta obra em especial prova-nos com toda a sua magnitude o seu excepcional talento como contadora de histórias. A sensibilidade da autora em descrever tantos personagens, articulando-os em tantas gerações é digno de nota.


A temática do livro é o amor proibido entre Meggie e o padre Ralph. Focando um tema polêmico sem dúvida, mas que nos revela um amor puro, de entrega total de duas almas que se completam ao invés de um grande pecado. E para além do amor entre estes dois personagens existem ainda muitas histórias e revelações que nos prendem verdadeiramente a atenção ao ponto de só conseguirmos respirar fundo depois de termos acabado de ler o livro.

“Pássaros Feridos” sem dúvida nenhuma conquista o leitor, pela sua simples capacidade de produzir os mais variados sentimentos, transpondo-nos em mais de 600 páginas de pura emoção, fazendo-nos sentir quase que na própria pele o sofrimento e o destino dos personagens.



Willian Faulkner - The Sound and the Fury (O Som e a Fúria)

Abalado com a recusa dos originais do seu terceiro romance pelas editoras, Faulkner isolou-se. Nesse período, nasceu 'O som e a fúria'. No enredo, entre ideais de nobreza pueris e arroubos de ódio e de ganância que beiram o demoníaco, uma família põe fim ao que resta de si mesma. O clima de quase delírio construído com maestria é a expressão derradeira da ruína de um grupo social.

"Quando comecei o livro, não tinha nenhum plano. Eu nem sequer estava escrevendo um livro. De repente, parecia que uma porta se havia fechado, em silêncio e para sempre, entre mim e os endereços dos editores, e eu disse a mim mesmo: 'Agora posso escrever. Agora posso simplesmente escrever'"

Este romance, finalizado em 1929, marca o início da chamada "segunda fase" da carreira de William Faulkner (1897-1962) e é considerado, em geral, sua obra mais importante. Vinte anos depois, o autor se consagraria ao receber o Nobel de Literatura.

O tema central é o processo de desagregação e decadência da tradicional família Compson e seus últimos descendentes no ambiente racista do sul dos Estados Unidos. Faulkner utilizou técnicas modernas como o fluxo de consciência dos personagens, estruturas de tempo e espaço não lineares e, principalmente, diferentes vozes narrativas para compor esta história surpreendente, que não poderia mesmo ter sido integralmente compreendida na época, como explicou o próprio autor.

A história do livro acontece na fictícia Yoknapatawpha County, e tem como tema central a história de uma antiga família aristocrática do sul estadunidense, descendente do herói da Guerra Civil dos Estados Unidos, General Compson. O esboço geral da história é o enfrentamento do declínio e da dissolução da reputação da família Compson, e o romance é dividido em 4 seções distintas.

A primeira parte, em 7 de abril de 1928, é escrita sob a perspectiva de Benjamin "Benjy" Compson, um deficiente mental de 33 anos, e a narrativa é caracterizada por um estilo altamente desarticulado, com freqüentes saltos cronológicos.
A segunda parte, em 2 de junho de 1910, apresenta Quentin Compson, irmão mais velho de Benjy, e os eventos que levaram ao seu suicídio.
A terceira parte, em 6 de abril de 1928, é escrita sob o ponto de vista de Jason, o cínico irmão mais novo de Quentin.
Na quarta e última parte, ambientada um dia após a primeira parte, em 8 de abril de 1928, Faulkner introduz um narrador com um ponto de vista global, vendo e sabendo tudo que acontece dentro do mundo da história, incluindo o que cada um dos personagens é capaz de pensar e sentir. A última parte enfoca principalmente Dilsey, uma das servas negras dos Compsons. Jason também é apresentado, mas Faulkner sugere relances de pensamentos e ações de todos da família.



Gabriel Garcia Marquez - Cien Años de Soledad (Cem Anos de Solidão)


Em nenhum outro livro Gabriel García Márquez empenhou-se tanto como em Cem Anos de Solidão (1967). Assim, ao mesmo tempo em que a incrível e triste história dos Buendía - a estirpe dos solitários para a qual não será dada "uma segunda oportunidade sobre a terra" - pode ser entendida como uma autêntica enciclopédia do imaginário, ela é narrada de modo a parecer sempre que tudo faz parte da mais banal das realidades.


Cem anos de solidão se passa na cidade imaginária de Macondo, e conta a história de seus fundadores liderados pela família Buendia-Iguaran. José Arcadio Buendía é o patriarca da família e Úrsula Iguarán a matriarca. Trata-se de um casal de primos, que se casaram assustados pelo mito de que o casamento entre familiares poderia gerar filhos com rabos de porco. Este temor cria situações divertidas no início do relacionamento, mas também situações trágicas, e será, em última análise, o causador da mudança de cidade do casal para fundar Macondo.


A história é belíssima e em diversos momentos é difícil entender se Cem anos de Solidão segue os padrões da realidade ou se é uma história épica. Os casos e personagens remetem a habitantes de cidades do interior da América Latina, os casos fantásticos e a longevidade das pessoas também lembra os causos contatos pelos mais velhos, nas cidades pequenas da América Latina. O tema central do livro é a solidão, pois parece que todos os integrantes da família, das mais diversas gerações, estão fadados a conviver com a solidão.

"Naquela noite interminável, enquanto o Coronel Gerineldo Márquez evocava as suas tardes mortas no quarto de costura de Amaranta, o Coronel Aureliano Buendía arranhou durante muitas horas, tentando rompê-la, a dura casca da sua solidão. Os seus únicos momentos felizes, desde a tarde remota em que seu pai o levara para conhecer o gelo, haviam transcorrido na oficina de ourivesaria, onde passava o tempo armando peixinhos de ouro. Tivera que promover 32 guerras, e tivera que violar todos os seus pactos com a morte e fuçar como um porco na estrumeira da glória, para descobrir com quase quarenta anos de atraso os privilégios da simplicidade."


   Em termos literários, Cem anos de solidão possui uma narração em terceira pessoa, escolhe um espaço único para desenvolver a história e tem um ritmo próprio e continuo, tudo isso junto facilita a familiarização do leitor com a história. O estilo do livro é o do realismo fantástico, que extrapola o que se convenciona chamar de realidade, para criar situações ricas em sentido e conotações, um grande prazer para o leito.





Marcel Proust - À la recherche du temps perdu (Em busca do tempo perdido)


A homossexualidade é um dos temas principais do romance, especialmente em Sodoma e Gomorra e nos volumes seguintes. "Em Busca do Tempo Perdido" é o primeiro dos grandes romances em que a homossexualidade é tema central, tanto como conceito para discussão como pela descrição do comportamento dos seus personagens.

Embora o narrador se descreva como heterossexual, suspeita constantemente das relações da sua apaixonada com outras mulheres. Também Charles Swann, a figura central de grande parte do primeiro volume, tem ciúmes da sua amante Odette (com quem mais tarde casará), que acabará por admitir ter realmente mantido relações sexuais com outras mulheres.

Alguns personagens secundários, como o Barão de Charlus (inspirado em parte pelo o famoso Robert de Montesquiou), são abertamente homossexuais, enquanto outros, como o grande amigo do narrador, Robert de Saint-Loup, são mais tarde apresentados como homossexuais não assumidos. A monumental confrontação do tema da homossexualidade em "Em Busca do Tempo Perdido" permitiu aos leitores que a homossexualidade poderia ser mais que apenas actos lascivos de sodomitas ou os maneirismos afectados de homens obcecados em negar a sua masculinidade. Em vez disso, o romance de Proust apresentou a homossexualidade como um assunto complexo e multifacetado, que, se examinado de perto, derrota todos os estereótipos.

“o que os faria se assemelharem a criaturas monstruosas, como se ocupassem um lugar tão considerável, ao lado daquele tão restrito que lhes é reservado no espaço, um lugar, ao contrário, prolongado sem medida visto que atingem simultaneamente, como gigantes mergulhados nos anos, épocas tão distantes vividas por eles, entre as quais tantos dias vieram se colocar no Tempo.” 

Diante da análise psicológica extraordinária do romance, a alma é tocada e estremecemos ao perceber o quanto de nós está ali e o quanto éramos disso inconscientes. Ao mesmo tempo nos invade um prazer estético único, sensual e espiritual a um só tempo, em medidas adequadas. Causa de tudo, as longas frases de Proust, que se sucedem implacáveis, passam a servir de referência para os fatos de nossa vida, concedendo-lhes uma proporção em que o que é trágico se atenua pela transitoriedade da vida e os detalhes aparentemente supérfluos ganham uma conotação outra, grandiosa, que nos preenche da mesma essência preciosa que o amor.
É claro que essa verdade não está no livro, mas em nós e a nós caberá encontrar a permanência desse arrebatamento. Não procura-la apenas, mas cria-la com a leitura. Uma felicidade que nada terá em comum com bem-estar e ainda assim o sobrepujará de todo. O espírito “está diante de algo que ainda não existe e que só ele pode tornar real, e depois fazer entrar na sua luz”. Essa á a busca do tempo perdido.

Uma obra que descreve os seres humanos, apesar de o romance ter muitas personagens, todas são facilmente arranjadas espacialmente, sendo possível visualizar a organização da genealogia das mesmas. Isto aponta para o domínio que o autor tem sobre o seu projeto e para o caráter artificial da obra, já que é bem planejada e não nascida do acaso.









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